A campanha “Justiça nos Trilhos” subiu um ataque injusto e vergonhoso por parte de um grupo de imprensa de Belém, recentemente aliado à Vale num processo de criminalização dos movimentos sociais. O ataque é ainda mais grave e ingênuo porque envolve também as Pastorais Sociais e a Conferência dos Bispos do Brasil, reconhecida pelo seu equilíbrio e dedicação à causa popular. Não vale a pena dar espaço às acusações da imprensa; publicamos a nota de repúdio da CNBB, evidenciando que nem ela encontrou espaço na integra no jornal (como deveria ser por lei, conforme o direito de resposta).
De toda forma, “Justiça nos Trilhos” agradece a polêmica, pois permitiu uma ulterior divulgação dos objetivos da campanha, mostrou mais uma vez os interesses que estão por trás de muitos meios de comunicação e evidenciou quanto a Vale esteja se preocupando com a pesquisa e pressão que a campanha está realizando.
PASTORAIS DA CNBB E ENTIDADES DESMENTEM MATÉRIAS SOBRE OCUPAÇÃO DE FERROVIA.
“Eu dei a eles a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo”. (Jo 17,14)
As Pastorais e Organismos da CNBB, CRB, COMITÊ DOROTHY, E MOVIMENTOS SOCIAIS, vêm a público repudiar as práticas sensacionalistas da Imprensa Jornal O Liberal e Jornal Amazônia a qualquer distorção de fatos, como o ocorrido no dia 21.08.08, na nota publicada pelo Jornal O Liberal e Jornal Amazônia, sobre o encontro da Campanha “Justiça nos trilhos” que aconteceu na sede da CNBB, no dia 19 e não no dia 20, como o jornal noticiou. As Pastorais da CNBB e as demais Entidades não fazem “apologias ao crime” e sim, apóiam todas as lutas legítimas feitas em defesa da vida e na conquista dos direitos humanos. A Igreja, seguidora e fiel às propostas de Jesus Cristo “que veio para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10) desempenham um papel profético na defesa dos direitos humanos. Nossas ações são pensadas a partir da Palavra de Deus e da realidade construída pelos homens. Nossa práxis é o diálogo, o respeito e, sobretudo, é dar testemunho; agimos pacificamente e acreditamos na paz e na construção de um mundo justo e igualitário. Vamos sempre defender a vida e lutar contra qualquer tipo de ato que prejudique o meio ambiente e a dignidade da pessoa humana. Historicamente, a Imprensa nem sempre tem sido instrumento de defesa de direitos humanos. Muitos profissionais produzem matérias sem terem a sensibilidade e o compromisso com a verdade e com a justiça, fomentando a criminalização de instituições e dos defensores dos direitos humanos. Um exemplo da falta de verdade está contido nas matérias “Grupo planeja ocupação de ferrovia” (O Liberal, caderno Atualidades, Pág. 5, 21-08-08), “Igreja se une ao MST” (Amazônia, caderno Gerais Pág. 10, 21-08-08), “Ocupação de ferrovia causa polêmica” (O Liberal, caderno Atualidades, Pág. 9, 22.08.08), “Pecadores e Criminosos” (caderno Editorial, Pág. 2, 22-08-08), nas quais, de forma irresponsável, citam pessoas e entidades que não estavam presentes na reunião do dia 19-08-08, assim como as referidas matérias distorcem a temática discutida durante essa reunião. As Pastorais da CNBB e as Entidades estão indignadas com papel difamador, que vem sendo desempenhado pela Imprensa, atingindo entidades e pessoas de direitos humanos pois difamação não é só um pecado punido pelas leis de Deus, como punido pela lei dos homens e responsabilizam a Imprensa pela publicação de matérias difamatórias, sem nenhum fundamento. Essas matérias contra a CNBB, CRB, MISSIONÀRIOS COMBONIANOS, COMITÊ DOROTHY e as LIDERANÇAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS só afirmam que o grupo O Liberal não tem compromisso com a verdade.
Fazemos nossas as palavras da Campanha “Justiça nos Trilhos”, organizada por pessoas sérias competentes e comprometidas com a causa da justiça do amor e da paz.
Belém, 21.08.08 – Nota da campanha “Justiça nos Trilhos” ao jornal “O Liberal”. Quem busca a justiça diz a verdade. A campanha “Justiça nos Trilhos” realizou em Belém, na terça-feira, 19 de agosto, um seminário público sobre o impacto da atuação da Companhia Vale do Rio Doce na área de influência da ferrovia de Carajás, nos Estados do Pará e do Maranhão, e a articulação dos movimentos sociais que buscam a justiça ao longo desse eixo ferroviário, que constitui uma das mais importantes vistas de escoamento de recursos naturais do planeta. As entidades representadas pela campanha têm personalidade jurídica, são transparentes em sua atuação e têm um histórico de realizações em defesa da sociedade: Missionários Combonianos, Cáritas brasileira, Comitê Dorothy, Fórum Carajás, CUT do Maranhão, Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, Sindicato dos Ferroviários de PA-MA-TO, Fórum da Amazônia Oriental, Associação Juízes para a Democracia e vários profissionais e pesquisadores com conceito estabelecido. No seminário estavam presentes, além da comissão organizadora, CRB do Pará-Amapá, Grupo de Trabalho para a Metodologia do Fórum Social Mundial, coordenação da Pastoral da Criança do Pará, Comitê Inter-religioso de Belém e Centro de Estudos Bíblicos. O objetivo da campanha e do seminário é levantar informações, dados e testemunhos sobre a atuação da Vale em nosso território e as possibilidades de aproveitamento do patrimônio de riquezas regionais. Há em geral uma sonegação de informações a respeito, por parte da própria companhia, dos grandes meios de comunicação e dos órgãos públicos competentes. A campanha considera essa postura uma violação ao direito do cidadão à informação, um bem social inestimável para o pleno exercício dos seus direitos, ao amparo da lei e em atendimento ao princípio constitucional de que pesa sobre a propriedade uma hipoteca social. Logo, a riqueza de uns não pode ser construída sobre o empobrecimento de muitos, privados da prerrogativa de melhorar seu padrão de vida. Essa violência se manifestou mais uma vez através de matéria publicada por “O Liberal” dia 21.08.08, a respeito do seminário. Nenhum representante do jornal nem de qualquer outro órgão da imprensa esteve ao seminário, embora para todos eles os organizadores do evento tenham mandado informações, com bastante antecedência, sobre o encontro, por ser seu desejo difundir sua existência e propósitos. Não acreditamos que um profissional que tivesse acompanhado o desenrolar do programa pudesse publicar que a campanha pretende estimular o bloqueio da ferrovia de Carajás no próximo mês e também uma escalada de hostilizações contra a Vale até a realização do Fórum Social Mundial em Belém, em janeiro de 2009. Os fatos relatados no artigo nunca foram sequer cogitados pela campanha e nenhum dos participantes do encontro os suscitou. Não passam de invenção. Uma informação desse tipo, atribuída a uma fonte anônima, não apurada pelo próprio jornal nem checada junto às fontes sérias, que poderiam assumir suas declarações, assim permitindo ao jornal identificá-las, como exigem os princípios básicos do jornalismo, parece ter o sentido de indispor a campanha junto à opinião pública. Parece-se a uma emulação de má-fé. A coordenação da campanha e todas as entidades que a apóiam, portanto, repudiam o artigo e denunciam a incompetência de quem o redigiu e publicou. Ou sua intenção inconfessável de lesar a opinião pública.
“Justiça nos Trilhos” se propõe a avaliar o impacto real das atividades da Vale na área de influência da Estrada de Ferro Carajás; pretende também propor o debate sobre a adoção de mecanismos que possibilitem repartir com a população nativa a renda da exploração dos valiosos recursos naturais da região, de forma a alavancar o desenvolvimento sustentado das comunidades que vivem ao longo da EFC, onde se encontram índices de pobreza alarmantes.
Assinam:
CNBB-Pastorais e Organismos (CÁRITAS, CJP, CREA, PASTORAL DA CRIANÇA, PASCOM, CPT, CPP); CRB (CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL); COMITÊ DOROTHY; MISSIONÁRIOS COMBONIANOS; UNIPOP; ABONG; FASE; INTER-RELIGIOSO.