Vale investe para compensar distâncias | Justiça nos Trilhos
2 de dezembro, 2011

duplicac3a7c3a3o-7080697Em 2015, a Vale estima produzir 522 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, quase 70% a mais do que as 311 milhões de toneladas previstas para este ano. Esse programa de expansão da companhia é considerado ambicioso e desafiador, mais ainda se for levando em conta a desvantagem que ela tem em relação aos seus concorrentes: distância.

Hoje, qualquer minério, de qualquer mina do país, desloca-se na região Sudeste pelo menos 500 quilômetros e, na região Norte, cerca de 900 quilômetros até o navio. E ainda é necessário vencer o mar até o maior cliente no outro lado do mundo, a China, que, neste caso, compra da Vale praticamente metade do minério de ferro que consome.

Para vencer essa desvantagem, a empresa investirá só este ano em logística no mundo todo US$ 5 bilhões, quase o dobro do aplicado em 2010 (US$ 2,8 bilhões) e mais da metade do que foi destinado nos últimos seis anos (US$ 9 bilhões). O montante representa 21,19% dos US$ 24 bilhões em investimentos totais previstos para 2011 pela maior empresa de minério de ferro do mundo e segunda maior mineradora do planeta.

Só a Estrada de Ferro Carajás (EFC), com 892 quilômetros de extensão, absorverá quase US$ 3 bilhões, com despesas de US$ 1,29 bilhão este ano – cifras que incluem desembolsos para melhorias e ampliação do Terminal Portuário de Ponta da Madeira (TPPM), em São Luís (MA).

Trata-se do o maior projeto de logística na América Latina. São 9 mil pessoas no canteiro de obras do TPPM, cuja capacidade de embarque este ano deve chegar a 115 milhões de toneladas de carga. Em 2012, deve passar para 150 milhões e, em 2015, para 230 milhões. Na EFC estão previstas a duplicação de pouco mais de 600 quilômetros de trilhos e a ampliação em 110 quilômetros para se conectar à Serra Sul de Carajás.

Tudo isso porque a maior frente de trabalho já é naquela serra, onde a mineradora brasileira está implementando um dos maiores projetos da história da indústria de mineração mundial, que, em sua fase inicial, deverá adicionar 90 milhões de toneladas anuais à capacidade da companhia.

A estrada de ferro nessa região do país opera a maior composição do mundo, com 330 vagões. São cerca de 4 mil metros de extensão e capacidade para transportar 40 mil toneladas. Trata-se de um avanço tecnológico que permitiu significativos ganhos de produtividade e levou a EFC a bater recorde de transporte de minério de ferro em 2010, atingindo 98,2 milhões de toneladas, ante 94,4 milhões de toneladas em 2008. Em 2009, durante a crise econômica, foram transportadas 89,6 milhões de toneladas.

Já a Ferrovia Norte Sul (FNS), com 720 quilômetros de extensão- 561 quilômetros operando entre Açailândia (MA) e Tupirama (TO), sendo que o restante entrará em operação ainda este ano – é uma das principais fontes de desenvolvimento das regiões Norte e Centro-Norte do país.

Interligada à EFC no sudoeste do Maranhão, para seguir em direção ao Terminal Portuário de Ponta da Madeira, os trilhos da FNS permitem escoar grãos, açúcar, carne, fertilizantes e combustíveis da nova fronteira agrícola, atividade que promete mudar regiões do Piauí, Maranhão e Tocantins.

Recentemente, a Vale fechou um contrato de 11 anos com a Bunge para o transporte de até 200 milhões de litros de álcool por ano pela FNS. O crescente aumento de transporte de cargas por essa rota ferroviária – ainda não foram fechados os números de 2010, mas em 2009 foram mais de 1,6 milhão de toneladas – tem perspectiva de se manter em ritmo próximo a 20%. A previsão é atingir o volume de 12,6 milhões em 2015.

Com 905 quilômetros de extensão e única do país com linha duplicada, a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) é a ferrovia mais produtiva do Brasil e uma das mais modernas do mundo. A EFVM transporta 40% de toda a carga ferroviária do Brasil. Além do minério de ferro, cerca de 60 diferentes produtos, entre eles aço, soja, carvão e calcário, entre outros, passam por seus trilhos.

Em outubro de 2010, a EFVM marcou seu recorde histórico de 11,2 milhões de toneladas de minério transportadas. Há pouco tempo, a EFVM adquiriu um novo sistema de sinalização, mais seguro e eficiente, com foco no aumento da capacidade de transporte. A ferrovia está investindo em um inovador sistema para gestão do tráfego ferroviário, que entrará em operação entre 2011 e 2012.

Também controlada pela Vale, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) colocou para circular em sua malha 800 vagões produzidos ou modificados pela indústria brasileira. Só para atender ao incremento de carga no contrato com a ArcelorMittal, foram 120 novos vagões. Com 8 mil km, a ferrovia passa por sete Estados e Distrito Federal.

Fonte: Valor Econômico – 28/03/2011; autor: Vladimir Goitia