Quilombolas continuam ocupando a Estrada de Ferro Carajás
17 de outubro, 2014

Entra para o quarto dia de manifestação, o ato dos quilombolas maranhenses que ocupam a Estrada de Ferro Carajás (EFC). A manifestação acontece no município de Itapecuru-MA, quilômetro 81 e cobra por medidas do governo federal para titulação dos territórios étnicos, além de questionarem o processo de consulta relacionado à duplicação da EFC, de concessão da empresa Vale S.A. (veja pauta de reivindicações completa).

Cerca de 300 manifestantes participam da ocupação e até o momento afirmam que irão continuar por tempo indeterminado. A empresa Vale entrou na justiça com uma liminar de reintegração de posse, mas os quilombolas dizem que vão resistir até que respostas concretas sejam firmadas por parte da empresa e do governo. “A Vale considera que não tem nada a ver com a situação”, afirmou um manifestante.

De acordo com os advogados que acompanham o caso, o Governo assegurou que hoje (26) uma comissão se apresentaria aos manifestantes. “Tivemos informação extraoficial que o INCRA soltaria nota taxando o movimento de conotação eleitoral, pois os processos de titulação, segundo eles, estão regulares”, relataram os advogados.

Como resposta às indefinições, os quilombolas se amarraram nos trilhos e iniciaram greve de fome, ontem. Desde a terça-feira (23) eles montaram acampamento na EFC e passam dia e noite ocupando o local.

Em matéria divulgada pelo G1 Maranhão, INCRA e Vale disseram por meio de nota que tanto a regularização dos territórios quilombolas quanto o processo de duplicação da Estrada de Ferro Carajás seguem conforme a lei. Mas os moradores das comunidades que estão em manifestação denunciam que não há diálogo por parte da empresa e que há mais de dois anos o INCRA não titula áreas no estado.

A Rede Justiça nos Trilhos e a Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) divulgaram notas de apoio aos povos quilombolas. “A RBJA manifesta sua solidariedade à causa quilombola e a essas comunidades do Maranhão, que reconhecem estar em curso “um processo de extermínio” contra as comunidades negras do estado, seja por causa de vários assassinatos de lideranças, como por despejos, invasões de suas terras ou grandes projetos de investimento sem que haja consulta prévia, livre e informada dos moradores nos territórios”, relata uma das notas.

Com informações de G1MA Foto: Irmã Eulália Lima

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