Conflitos
Nova Vida é uma comunidade da zona rural de Bom Jesus das Selvas – Maranhão, formada por 175 famílias de pecuaristas, trabalhadores (as) informais, prestadores de serviço. Essas pessoas convivem com os impactos provocados pelas atividades da Vale. Atropelamento de animais silvestres, trepidação provocada pela passagem do trem, que provoca rachaduras nas casas dos moradores, atropelamento com amputações e mortes, insegurança e impedimento de travessia da linha de ferro, danos às estradas vicinais da comunidade, poluição sonora provocada pelo barulho do trem, poluição por partículas de minério de ferro, perda de território, prostituição infanto-juvenil, assalto nas residências e insegurança devido à entrada de pessoas clandestinas que chegam de trem, e usam as paradas da comunidade e a proximidade do pátio de cruzamento das residências para invadi-las.
Outro problema grave, que atinge os moradores de Nova Vida é o barulho do trem que atrapalha as aulas na única escola do povoado, que fica em frente à ferrovia. O principal meio de sobrevivência das famílias vem da agricultura com a criação de gado e prestação de serviço, sobretudo os homens, para empresas terceirizadas da Vale. Um número significativo de mulheres vendem alimentos na estação de trem de passageiros, localizada no povoado.
Grande parte das famílias recebe bolsa-família, o que contribui de alguma forma com a economia local. No povoado não há saneamento básico, nem coleta de lixo. A água utilizada provém de um poço artesiano construído pela prefeitura e distribuído para a população de forma insuficiente e sem tratamento. O povoado possui apenas uma escola de ensino fundamental. Não possui posto de saúde. O sistema de telefonia é de baixa qualidade
Resistência da comunidade
Em Nova Vida há uma associação de mulheres denominada “Associação Nova Vida”, que busca além de outros direitos, aqueles que são necessários em decorrência da atuação de grandes empresas, como a Vale S.A. na região. Além disso, resiste através da busca por indenizações.
De acordo com documento do IBAMA (Item 88 – anexo I, Parecer Técnico nº 83/2012 COTRA/CGTMO/DILIC/IBAMA), as indenizações previstas para esse povoado como consequência da duplicação da ferrovia chegam a 76 e uma remoção. As negociações compulsórias e individuais de porções do território ou de residências deixam as famílias vulneráveis ao valor que a empresa acha adequado pagar, o que pode resultar em valores ínfimos e na acentuação do conflito.
Reivindicações
Ter acesso a resultado de diagnóstico socioeconômico encomendado pela Vale e os planos da mineradora quanto ao povoado no que se refere à duplicação da ferrovia. Construção de um viaduto na localidade, pois rotineiramente utilizam a travessia sobre a EFC para lavar roupas, pescar e atividades de lazer; construção de um campo de futebol, caso o campo que existe atualmente seja removido pela Vale, que já interditou o seu uso alegando perigo, devido à proximidade com a linha férrea; acesso a políticas de habitação, porque o povoado cresceu em número de famílias, mas o acesso à habitação não acompanhou esse crescimento.