Nota de apoio da JnT às comunidades quilombolas do Maranhão
17 de outubro, 2014

São mais de 200 pessoas, 35 comunidades rurais quilombolas, de diferentes municípios do estado do Maranhão. Há dois dias paralisam a Estrada de Ferro Carajás, quilômetro 81, localizado em Itapecuru-Ma e clamam por justiça e reconhecimento de seus direitos.

Crianças, jovens, adultos e idosos pedem ao Governo Federal a garantia do direito dos quilombolas maranhenses a seus territórios; Cobram da empresa Vale S.A. o direito de consulta em relação à duplicação da Estrada de Ferro Carajás, de concessão da empresa e que atravessa as comunidades quilombolas, causando uma série de impactos.

As comunidades afirmam que a Vale subtraiu parte dos territórios quilombolas sem consentimento de seus verdadeiros donos. A empresa aumentou a presença de observadores no local, fixando veículos a uma distância de 50 m para cada lado dos trilhos. Outros projetos predatórios também ameaçam a autônoma e sobrevivência desses povos na região, a exemplo dos capitaneados pela BB Mendes, Campos Cruz e Fazenda Formiga.

Em pauta de reivindicações enviada à Presidência da República, os quilombolas que ocupam a Estrada de Ferro Carajás consideram desesperador a omissão do Poder Judiciário e do Estado diante de tantas injustiças. Eles pedem a presença de representantes da Casa Civil, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (INCRA), da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

A Rede Justiça nos Trilhos (JnT) apoia a luta dos quilombolas do Maranhão e acredita que a história desse povo não pode ser prejudicada pela chegada do falso desenvolvimento e da ação de grandes empresas como a mineradora Vale S.A.

Esse povo, que enriquece a cultura maranhense e brasileira não pode ter os seus modos de vida, as suas atividades cotidianas, o toque do tambor, a dança, prejudicadas pela presença de uma estrada de ferro, pelo fluxo contínuo de trens de minério de ferro, pela busca desenfreada pelo lucro, sem nada restar a eles, a não ser a miséria, os impactos ambientais, a truculência e a falta de diálogo.

A Rede se preocupa com a integridade física dos manifestantes tendo em vista que já há uma liminar de reintegração de posse, autorizando o uso de força policial. Consideramos legítimas as reivindicações das comunidades e reforçamos que os problemas mencionados são de conhecimento internacional, por meio do Relatório da Plataforma Dhesca Brasil, publicado em 2013.

Por tudo isso, a Rede Justiça nos Trilhos pede o apoio da sociedade, bem como estudantes, pesquisadores, entidades e movimentos. Fortaleçam a luta dos quilombolas maranhenses, enviando uma mensagem de apoio e assinando essa nota por meio do email: imprensajnt@gmailcom.

Rede Justiça nos Trilhos
Foto: Irmã Eulália Lima