Os quilombolas de Santa Rosa dos Pretos, à revelia das opressões que a mineradora Vale e os governos tentam lhes impor, se articulam e se organizam internamente – e junto com outros quilombolas e também povos indígenas – para criarem novos caminhos de resistência e de bem-viver.
Formações políticas, denúncias, protestos, tambores, rituais de matriz africana, festas e festejos. A luta em Santa Rosa dos Pretos se dá de diversas formas.
Em 2017 uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e à Defensoria Pública da União (DPU) paralisaram uma obra irregular de duplicação da BR 135. Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), os quilombolas descobriram que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito) pretendia derrubar 345 casas para duplicar a estrada.
Em 2011, uma Ação Civil Pública (ACP) contra a Vale S.A. obrigou a empresa a, entre outras reparações, recuperar um dos principais igarapés do quilombo que a transnacional soterrou com concreto.
Nos rituais no terreiro de Tambor de Mina, pede-se aos Encantados que descem ali a força, a proteção e a sabedoria para se defender as terras e águas da Santa Rosa.
Em 2017, a criação do coletivo Agentes Agroflorestais Quilombolas (AAQ), formado por 30 jovens do quilombo – moças e rapazes – levou nova energia ao território. São esses jovens que estão recuperando os igarapés, matas, a autonomia alimentar, de água e autonomia política de Santa Rosa dos Pretos.
Para fazer algo novo, eles buscam inspiração na ancestralidade. Por isso estão fortes e protegidos: se apoiam naquilo que a branquitude não alcança e nunca alcançará.