Justiça nos Trilhos celebra 15 anos de atuação em Assembleia Ordinária
15 de outubro, 2022

Associadas(os) e Conselho Deliberativo aprovaram alterações no Estatuto e criaram o Conselho Fiscal da Associação

Equipe de Trabalho e Associadas/os, pós Assembleia no CDVDH/CB| Foto: José Carlos Almeida

Com o objetivo de discutir e aprovar as alterações no Estatuto, como também, celebrar os 15 anos de atuação em defesa dos Direitos Humanos e Direitos da Natureza da Associação Justiça nos Trilhos (JnT), associadas(os) e integrantes do Conselho Deliberativo se reuniram no sábado (15), no Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán – CDVDH/CB, em Açailândia (MA).

De formato híbrido, alguns dos associados participaram online da assembleia, que teve início às 9h, e contou com a presença de mais de 30 pessoas, entre associados e equipe de trabalho da associação. Na ocasião também ocorreu a reeleição da diretoria, composta por Larissa Santos, Mikaell Carvalho e Renato Lanfranchi. O trio dará continuidade aos trabalhos ligados à diretoria e a coordenação executiva dos projetos e atividades da Justiça nos Trilhos.

Trio eleito e responsável pela diretoria e a coordenação executiva dos projetos | Foto: José Carlos Almeida

Após um amplo debate sobre as atribuições e atualizações do estatuto que rege a missão da JnT , foi criado o Conselho Fiscal (CF). Com isso, a JnT passa a ter as seguintes instâncias administrativas e de controle interno, respectivamente: o Conselho Deliberativo (CD), a Diretoria Executiva (DE) – ambos reeleitos em Assembleia – e o Conselho Fiscal (CF). Os órgãos definem as regras, fiscalizam as ações e dão andamento às decisões dos colegiados.

Para a Presidenta do Conselho Deliberativo e da Assembleia da JnT, Marlúcia Azevedo, a Associação ganha mais respeito de todas e todos que acompanham e são beneficiados pela missão da organização. “Esse passo de criar um Conselho Fiscal, ver a própria entidade se colocando para que haja transparência nas prestações de recursos e serviços, é motivo de muito orgulho. Hoje tanto o Conselho Fiscal como o Conselho Deliberativo são formados por pessoas das comunidades, que conhecem as realidades dos territórios e são pessoas comprometidas com o bem comum”, enfatiza. 

Atuação na Amazônia Maranhense

“A Justiça nos Trilhos sempre foi essa força que nos moveu!”

Durante a Assembleia, a essência da missão da Associação JnT foi celebrada com a exibição do vídeo-cordel em homenagem aos 15 anos. Criada em 2007 como campanha, com o objetivo de articular as comunidades afetadas pela Estrada de Ferro Carajás (EFC), na época JnT recebeu a contribuição e assessoria de várias entidades em defesa de direitos. 

Ao longo dos anos se tornou rede, porque entendeu que a denúncia das violações do Programa Grande Carajás, as reivindicações da população e a defesa dos modos de vida e economias precisavam de um compromisso prolongado e de uma estrutura organizada. Atualmente, já como Associação de Direitos Humanos e Direitos da Natureza, realiza por meio da educação popular, assessoria jurídica, comunicação popular e trabalho de fortalecimento de alternativas econômicas, o enfrentamento à cadeia da mineração e ao agronegócio junto às comunidades. 

“Nesses 15 anos a mineração avançou de forma assustadora na Amazônia brasileira e maranhense, somada às ações de empresas siderúrgicas, de energia e do agronegócio, que juntos ameaçam povos e comunidades tradicionais. A Justiça nos Trilhos buscou fortalecer as denúncias que partem de dentro dessas comunidades, articular processos de solidariedade e promover o respeito aos direitos humanos e da natureza”, pontuou Larissa Santos, coordenadora política da JnT.

Ainda segundo a coordenadora Larissa, no Maranhão as comunidades afetadas pela cadeia da mineração e o agronegócio estão cada vez mais articuladas e sendo promotoras de suas próprias mudanças sociais, em favor de uma sociedade mais justa, com proteção aos nossos recursos naturais e atuantes na luta por reparação de direitos. “Os desafios foram e ainda são gigantes para uma região que recebe os impactos da mineração há mais de quatro décadas, mas a força que vem dos territórios alimenta a missão de cada comunidade e, em resposta, alimenta a missão da Justiça nos Trilhos ao longo desses 15 anos”, ressaltou.

“JnT é envolvimento com o chão que a gente pisa!” 

Com uma longa história de militância no Fórum de Políticas Públicas e Cáritas pelo município de Buriticupu, a Presidenta Marlúcia, aproveita a ocasião para tecer em sua fala, o reconhecimento da importância da atuação de 15 anos da JnT na Amazônia Maranhense. “A experiência com a Justiça nos Trilhos foi muito significativa pra mim, principalmente para a região do município de Buriticupu (MA), porque nós iniciamos como uma campanha contra os impactos da mineração. Essa iniciativa nos inseriu nesta discussão, conseguimos a partir disso, fazer a relação dos impactos desse modelo de desenvolvimento com as dificuldades que estávamos enfrentando”, reforçou.

Presidenta do Conselho Deliberativo e da Assembleia, Marlúcia Azevendo, realizando a saudação inicial | Foto: José Carlos Almeida

Com essas palavras, a Presidenta reforça que o trabalho de fortalecimento das autonomias das comunidades, realizado pela JnT, proporcionou aos participantes desses espaços, a experiência de lutar em rede. “Com os intercâmbios as pessoas começaram a perceber que os problemas enfrentados se repetiam. Essa observação nos ajudou a colocar em prática uma luta em comum, denunciar as violações da mineração e do agronegócio. E isso é a construção de um grande projeto de formação humana dentro das comunidades”, afirmou.