Mesmo com um lucro líquido de R$ 8 bilhões apenas de julho a setembro deste ano, a mineradora Vale se recusa a pagar indenizações de cerca de R$ 9 mil para cada uma das 750 famílias que perderam suas casas por causa da exploração de carvão na mina de Moatize, em Tete, Moçambique.
Para que a empresa cumpra sua promessa, cerca de 500 moçambicanos das comunidades de 25 de Setembro e Cateme ocuparam, por volta das três da madrugada desta segunda-feira (23), as principais entradas e a linha de trem da mina. Não houve confronto até o momento, mas os manifestantes temem que possa ocorrer alguma ação violenta por parte do Estado ou da empresa para expulsá-los.
Para que a Vale explorasse Moçambique, as famílias foram removidas em 2010. Desde então, elas vêm criticando as condições de suas novas casas, feitas de material de péssima qualidade, já em deterioração.
Pelo acordo, além das casas, a Vale teria que dar um hectare para plantio a cada família e uma indenização no valor equivalente ao preço de outro hectare, o que daria 125 mil meticais (cerca de R$ 9 mil). O solo dado, porém, não serve para plantio, e o pagamento ainda não foi efetuado.
As violações da mineradora não se restringem às cometidas contra as famílias reassentadas. Cerca de 400 oleiros também protestaram, na última segunda-feira (16), pela falta de pagamento das indenizações devidas pela Vale.
Cerca de mil famílias que dependiam da olaria para sobreviver foram forçadas a abandonar suas atividades por causa da exploração de carvão.
O ativista moçambicano Fabião Manhiça afirma que a empresa brasileira tem seguidamente desrespeitado a população de seu país: “Foi preciso muitos protestos para que o acordo assinado entre as famílias, a Vale e o governo de Moçambique saísse.
Mesmo assim, elas enfrentam novamente o descaso da empresa, que se recusa a assumir o que deve pelos danos que causa”.
No Relatório de Insustentabilidade da Vale 2012, lançado pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, há mais informações sobre as violações cometidas pela mineradora em Moçambique (página 6), assim como em outros países.
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