2º Encontro aprofunda debates sobre conflitos agrários e estratégias de defesa dos territórios em Buriticupu (MA)
Entre os dias 14 e 16 de fevereiro de 2025, o município de Buriticupu (MA) foi palco do 2º Encontro da Escola de Educação Popular no Corredor Carajás, um espaço de formação política gestado em aliança com os povos e comunidades tradicionais do Maranhão. O encontro reuniu mais de 30 pessoas comprometidas com a luta por cidadania, direitos humanos e direitos da natureza, reforçando estratégias de resistência e permanência nos territórios tradicionais frente ao avanço do modelo colonialista de exploração capitalista.
A programação incluiu momentos fundamentais para o fortalecimento dos participantes, como a exibição do documentário O Retorno da Terra – Tupinambá, seguido de uma roda de conversa, além da palestra Conflitos no Campo e Luta pela Vida, ministrada pelo assessor Rafael Silva, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Outros debates abordaram os Conflitos Territoriais e as formas de enfrentamento às ameaças que impactam as comunidades. Para integrar os conhecimentos adquiridos com a expressão corporal, foi realizada a oficina Corpo e Modos de Resistências com a educadora Lucrécia Greco.
A Escola de Educação Popular no Corredor Carajás busca ser um espaço de fortalecimento das lutas populares por meio do conhecimento compartilhado e da troca de experiências entre os participantes. “A formação popular é parte do nosso jeito de caminhar junto com as comunidades. A gente acredita que aprender e trocar saberes fortalece as lutas nos territórios, reafirma direitos e valoriza as histórias e tradições dos povos. Esse processo não é só sobre conhecimento, mas sobre fortalecer quem já resiste e constrói caminhos de justiça todos os dias”, destaca Alaíde Abreu, educador popular da Justiça nos Trilhos.
Cuidar do corpo, mente e espírito para transformar a raiva em alegria e força para cultivar o Bem-Viver.
O evento trouxe ao centro do debate os conflitos agrários que marcam a história do estado do Maranhão e contou com a presença emblemática de Vila Nova, liderança histórica na luta pela libertação da terra em Buriticupu. Sua trajetória de resistência inspira movimentos sociais e comunidades a seguirem firmes na defesa de seus direitos territoriais. “Os pobres precisam aprender o que é o poder popular para conseguir se defender. Temos que vomitar essa cultura capitalista para de fato mudar a sociedade”, afirmou Luiz Vila Nova, liderança camponesa histórica do estado do Maranhão.
Em aliança com a Associação Justiça nos Trilhos (JnT) e o Grupo de Pesquisa GEDMMA (Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente), a iniciativa vem ampliando os espaços de fala com um enfoque em uma educação antirracista, ancestral e revolucionária. Cada encontro fortalece o protagonismo da juventude, que se mune de saberes e ferramentas para a defesa de seus territórios e modos de vida. “Nós jovens somos uma força para nossos quilombos. Nesse encontro aprendemos mais a defender nossos territórios”, destacou Elenilton Pires, do Quilombo Santa Rosa dos Pretos.
A articulação entre comunidades, pesquisadores e movimentos sociais demonstra que a resistência se constrói coletivamente, garantindo que a luta pelos direitos humanos e pelos direitos da natureza siga avançando na região. “Nós às vezes ficamos cansadas e desanimadas na luta, mas são momentos como esses que nos fortalece novamente na defesa de nossos corpos e territórios”, ressaltou Ione Moraes, da Comunidade de Gapara.