APRESENTAÇÃO
Diversas experiências de movimentos sociais, organizações e pesquisadoras, têm crescentemente demonstrado como a existência de conflitos ambientais decorrentes da instalação de grandes projetos de desenvolvimento gera, por um lado, um processo de expropriação de territórios e de alteração negativa de modos de vida de quilombolas, comunidades tradicionais, agricultores e povos indígenas, e por outro, implicações diferenciadas para as mulheres, em especial, mulheres negras, indígenas e camponesas. A sobrecarga de trabalhos domésticos e com os cuidados das famílias, a violação e a exploração dos corpos de mulheres e meninas, a negação das mulheres como sujeitos políticos demonstram como as desigualdades de gênero, raça e classe são reforçadas por estes tipos de investimentos, bem como impõem a perspectiva universalizante, eurocêntrica e individualista de “gênero” nas comunidades. Ao mesmo tempo, em contextos de expansão da fronteira do capitalismo extrativista, as mulheres atingidas e ameaçadas se articulam em torno de projetos centrados na circulação e defesa da vida, do corpo, do território e da natureza e à crítica aos processos de desenvolvimento capitalista colonial, racista, homofóbico e patriarcal. Assim, buscamos refletir sobre a lógica de instalação dos megaprojetos de desenvolvimento em diversas localidades brasileiras; os impactos diferenciados que causam na vida de mulheres e como essas mulheres vivenciam os conflitos; e os processos de resistência a partir da agroecologia, da noção de mulheres atingidas e dos feminismos comunitários, territoriais e popular camponês.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Promover espaços de intercâmbio de saberes entre integrantes de organizações e movimentos sociais e políticos, especialmente de mulheres, e da academia.
– Identificar e analisar as violações de direitos humanos em decorrência de projetos minero-energéticos, de expansão de energia, de concessões florestais e de regularização fundiária no Brasil considerando as interseccionalidades, ou seja, a natureza interligada dos sistemas de opressão (gênero, raça, classe e sexualidade).
– Analisar o racismo ambiental e as ameaças às relações território-corpo-terra vivenciado pelas mulheres no contexto dos projetos minero-energéticos.
– Disseminar e construir outras estratégias para abordar as desigualdades de gênero, classe e raça decorrentes da lógica de desenvolvimento capitalista, racista, homofóbico e patriarcal e para defender o território-corpo-terra, em distintas instâncias da educação.
– Relacionar os impactos territoriais destes projetos em um contexto de colapso climático.
PROGRAMA
As aulas serão transmitidas às segundas-feiras (entre 04/07 a 12/09), das 16h às 17h, no canal de Youtube e Página de Facebook da Fundação Rosa Luxemburgo.
04 Jul. Sessão I: Mulheres, ambiente e território
Hora: 16h
Palestrante: Cristiane Faustino (Instituto Terramar)
Coordenação: Fabrina Furtado (CPDA/UFRRJ) e Elisangela Paim (FRL)
11 Jul. Sessão II: Racismo Ambiental na Cidade
Hora: 16h
Palestrante: Emília Maria de Souza (Liderança da Comunidade do Horto/RJ)
Coordenação: Carol Pires (Assessora da Comunidade do Horto/RJ)
25 Jul. Sessão III: Energia
Palestrante: Camila Brito (MAB) e Tatiana Muniz (MMM Rio Grande do Norte)
Coordenação: Elisangela Paim (FRL)
01 Ago. Sessão IV: Clima
Palestrante: Thaís Santos (UNEAFRO)
Coordenação: Fabrina Furtado (CPDA/UFRRJ)
08 Ago. Sessão V: Mineração
Palestrante: Larissa Pereira Santos (Justiça Nos Trilhos) e Rosemayre Lima Bezerra (Educadora Popular)
Coordenação: Lanna Luiza Silva Bezerra (Justiça Nos Trilhos)
22 Ago. Sessão VI: Agronegócio e resistências nos territórios
Palestrante: Valéria Pereira Santos CPT/Cerrado e Elisa Urbano Ramos (Pankararu e APOINME)
Coordenação: Sarah Luiza de Souza Moreira (Doutouranda CPDA/UFRRJ e GT Mulheres da ANA)
29 Ago. Sessão VII: Agronegócio e resistências nos territórios
Palestrante: Lucinéia Miranda de Freitas (Setor de Gênero do MST) e Itamara Almeida (MMC-RN)
Coordenação: Lisbet Julca (MST)
05 Set. Sessão VIII: Agroecologia
Palestrante: Nilce Pontes (RAMA e CONAQ) e Andrea Sousa (Esplar)
Coordenação: Natália Lobo (SOF)
12 Set. Sessão IX: Compartilhando as experiências nos territórios
Palestrante: Instituto Terramar, SOF e RAMA e Comunidade do Horto/RJ
Coordenação: Fabrina Furtado (CPDA/UFRRJ) e Elisangela Paim (FRL)
Os encontros serão virtuais, sendo divididos entre sessões públicas, que serão transmitidas pelas páginas do Facebook e canais do Youtube da Fundação Rosa Luxemburgo e da Coletiva Diálogos Feministas (UFRRJ), e, sessões fechadas, realizadas pelo Zoom. Os links serão enviados por email. Inscrições encerradas. |