Continua o combate aos incêndios na Terra Indígena Caru
29 de janeiro, 2016

No sábado (5) foi realizado sobrevoo na Terra Indígenas, Caru, Awa. A Terra Indígena Caru está cercada pelo fogo, há um arco de fogo vindo das TI Alto Turiaçu e Awa (Sul doeste) para a Caru, de grande dimensão.
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Existem 100 indígenas Guajajara, 45 brigadistas da Prevfogo, 5 bombeiros, 30 Awa, e 60 não índios, estes últimos estão atuando no combate ao fogo, que se aproxima da aldeia Tiracambu (do povo Awa Guajá). Há apenas um helicóptero do IBAMA que estava na TI Awa e Alto Turiaçu. Ontem ele chegou na TI Caru para fazer levantamento do incêndio e estratégias de combate ao fogo. O cacique da aldeia Maçaranduba informou que o fogo que é visto tanto de cima como por baixo, não é possível de ser controlado com esse número de pessoas, é urgente, necessário o envio de mais pessoas e aeronaves. Ele informa, que esse contingente está distribuído em três frentes de atuação na Terra Caru: região norte da aldeia Maçaranduba, região sul (agua branca) e uma na região da Aldeia Awa. ‘O incêndio já compromete metade da Terra’.

“Daqui, não temos conhecimento se o IBAMA tem noticiado a proporção do incêndio na TI Caru.”

fogo_na_ti_caru_-_foto_madalena_borges-c3ddb-9774603Na Aldeia Awa, o fogo está a 30 minutos de chegar as aldeias, mas tem sido combatido por homens e mulheres. Os incêndios que já foram controlados voltam ocorrer no mesmo local. Os homens Awa não tem ido caçar, pois há fogo em todas as direções e estão impossibilitados de prover alimentação para suas famílias. “As crianças pedem carne quando voltamos do combate ao fogo. Respondo, não tem minha filha, só fogo”, relata Inajã Awa. As mulheres estão tristes com a destruição de áreas de frutos e de caça, os rios estão secos e peixes mortos. A fome já preocupa.

Segundo o cacique Antônio Wilson Guajajara, o incêndio é criminosos, colocado pelos madeireiros e outros invasores. Sobretudo, pela localização de fogo no centro da mata. Os Awa acreditam que os cocais de coletas dos Awa isolados já foi todo queimado. Não há informações sobre esses grupos.

Desde o início do incêndio a liderança Tatuxa’a Awa juntamente com grupo de 10 Awa, tentam combater o fogo desesperadamente sem ajuda do Estado, a ajuda chegou com um mês da Terra queimando, e só veio por conta das pressões dos indígenas, de Instituições da Sociedade Civil e Internacional e de apoiadores da causa indígena.

Os Awa Guajá tem seu modo de vida baseado na caça e na coleta, e vivem exclusivamente da floresta. Esse modo de vida está comprometido se esse incêndio não for controlado logo. Presenciamos a tristeza de um povo, da fome que ronda essas comunidades, da inoperância do Estado Brasileiro por falta de uma política de proteção territorial, da falta de monitoramento dos focos de fogo nas Terras Indígenas, mesmo depois do que aconteceu com a TI Araribóia também no Maranhão que teve metade da área queimada por conta da demora do Estado Brasileiro para agir.

Texto de Madalena Borges, missionária do CIMI Maranhão