Com raízes firmes, Tauá-Mirim segue mobilizando pela criação da Resex
7 de abril, 2025

Comunidade na zona rural de São Luís reforça campanha por justiça ambiental e articula ações para o dia de lançamento e a Feira da Resex, mesmo diante dos impactos de grandes empreendimentos.

Fotos: Campanha Resex Tauá-Mirim Já

No último sábado, 5 de abril, a comunidade de Tauá-Mirim, na zona rural de São Luís (MA), recebeu uma visita de articulação e escuta como parte da mobilização pela campanha “Resex Tauá-Mirim Já”. A atividade teve como foco fortalecer o diálogo com os moradores sobre a urgência da criação da Reserva Extrativista e articular os preparativos da comunidade para a Feira da Resex, prevista para acontecer ainda neste mês.

A ação envolveu representantes de diversas organizações parceiras, entre elas o Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a Associação Tijupá e a Justiça nos Trilhos (JnT).

A acolhida foi calorosa. Os visitantes foram recebidos pelos moradores e pelo padre Brayan, da Paróquia de Boa Viagem, que celebrava a missa naquele dia. Antes da celebração, foram distribuídos panfletos informativos da campanha. Ao final da missa, Alberto Cantanhede (Beto – Taim), pescador e integrante do Movimento Nacional dos Pescadores (Monape) e da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem), compartilhou com os presentes os objetivos da campanha e reforçou o convite para o lançamento oficial, no dia 26 de abril, no centro de São Luís.

“Trata-se de um território historicamente ocupado por famílias que vivem do extrativismo, da pesca artesanal e da agricultura familiar. A criação da Resex é fundamental para proteger essas formas de vida e garantir justiça ambiental para os povos e comunidades tradicionais da Ilha”, destacou Beto.

A fala foi reforçada pelo padre Brayan, que relacionou a defesa da Resex com os princípios da Campanha da Fraternidade 2025, propondo uma reflexão profunda sobre a ecologia integral. Em sintonia com os apelos do Papa Francisco, o padre também gravou um vídeo de apoio à campanha.

Em paralelo, estão sendo realizados diálogos e visitas in loco às áreas produtivas onde se observam os impactos da poluição na produção de frutas nativas e cultivadas nos quintais, nos roçados, bem como na atividade pesqueira e na coleta de mariscos. As visitas revelaram a urgência de enfrentar os danos provocados por grandes empreendimentos nos territórios da zona rural da capital. Carlos Pereira, da Associação Tijupá, destacou os prejuízos diretos à produção de frutas na comunidade:

“Tauá-Mirim, a exemplo das demais comunidades da Resex, tem uma grande diversificação na produção, mas também é impactada pelos efeitos perversos da poluição provocada pelos grandes projetos nesse território. Observamos que ela tem sido uma das mais atingidas, especialmente em termos de perda na produção de frutas, tanto nas espécies plantadas — como os vastos bananais, que praticamente desapareceram devido a uma doença — quanto nas frutas nativas, muitas com perda total. Vale lembrar que, há pouco tempo, a comunidade levava polpa de frutas para a Feira da Resex. Hoje, infelizmente, isso já não é mais possível”, relatou.

Mesmo diante das dificuldades, os moradores receberam com entusiasmo a proposta de se reorganizar para a Feira da Resex, espaço de celebração da resistência e dos saberes tradicionais. Uma comissão local será formada para garantir que Tauá-Mirim esteja representada com sua memória viva — mesmo que muitos de seus frutos não estejam mais presentes.

A visita foi encerrada com uma foto coletiva e a gravação de vídeos em apoio à campanha. Com gestos simples e firmes, Tauá-Mirim reafirma seu lugar na história de luta pelo reconhecimento dos territórios tradicionais da Ilha, transformando dor em mobilização e cuidado em resistência.