“Terra de Chuva”: o documentário que mostra a força da agroecologia na vida das comunidades

“Terra de Chuva”: o documentário que mostra a força da agroecologia na vida das comunidades

Um jovem agricultor e uma trabalhadora da juçara mostram como a agroecologia e a ação coletiva podem restaurar paisagens e ressignificar o futuro em regiões afetadas pela escassez de água.

Em meio a regiões castigadas pelos impactos das mudanças climáticas, duas histórias de coragem e resiliência ganham vida no documentário “Terra de Chuva | Soaking The Ground”. A produção revela como soluções locais podem se tornar exemplos globais de transformação.

O filme acompanha a jornada de um jovem agricultor e de uma trabalhadora da juçara, ambos enfrentando a escassez de água em suas comunidades. Mas, longe de sucumbir à dificuldade, eles mostram que o caminho para a recuperação ambiental e social passa pela agroecologia e pela ação coletiva. Mesmo diante da falta de água, descobrimos que a solução está em nossas próprias mãos.

Produzido por Fred Rahal, que também assina direção, produção e fotografia, o documentário combina imagens poéticas e relatos inspiradores, com trilha sonora original composta pelo próprio Fred e sua equipe.

A realização de “Terra de Chuva” é fruto de uma colaboração entre organizações locais e globais, incluindo a Fundación Avina, além de parcerias com RAMA Maranhão, ACESA, Associação Tijupa, Justiça nos Trilhos (JnT) e GEDMMA. O projeto integra o Solutions Storytelling Project, iniciativa da Skoll Foundation que conecta cineastas e inovadores sociais para criar conteúdos focados em soluções capazes de gerar impactos positivos no mundo.

O filme não apenas registra os desafios ambientais, mas mostra caminhos concretos de mudança, ressignificando o futuro de comunidades e paisagens. Ele é um convite para refletir sobre o papel de cada indivíduo na preservação do meio ambiente e no fortalecimento das bases comunitárias.

Assista agora a essa história inspiradora no canal do YouTube. A transformação, como prova o documentário, começa no chão que pisamos.

Justiça nos Trilhos (JnT) é homenageada no 14º Muticom e participa de debates sobre Ecologia Integral e comunicação em defesa do cuidado com a casa comum

Justiça nos Trilhos (JnT) é homenageada no 14º Muticom e participa de debates sobre Ecologia Integral e comunicação em defesa do cuidado com a casa comum

O reconhecimento, concedido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, celebra o trabalho da organização na promoção da justiça socioambiental e na proteção de comunidades impactadas pela mineração e pelo agronegócio

No coração da Amazônia, Larissa Santos e Pe. Dário Bossi recebem homenagem no 14º Muticom. Duas trajetórias que se cruzam para reafirmar: comunicar é também cuidar da terra e proteger a vida. | Foto: Claudia Pereira



Mais de 400 comunicadores, agentes de pastoral, religiosos e jornalistas participaram do 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), realizado entre os dias 25 e 28 de setembro em Manaus (AM). Promovido pela Comissão Episcopal para Comunicação Social da CNBB, em parceria com a Arquidiocese de Manaus, o evento trouxe como tema “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade”, propondo reflexões sobre o papel da comunicação na defesa da casa comum.

Durante a cerimônia, Larissa Santos, coordenadora política da Justiça nos Trilhos (JnT), recebeu com emoção a homenagem à organização. Ela lembrou que a JnT começou como uma campanha de comunicação liderada pelos Missionários Combonianos e que hoje conecta comunidades, pesquisadores e agentes pastorais em torno da Ecologia Integral, fortalecendo a luta pelos direitos humanos e pela preservação da Amazônia.

O Muticom, principal encontro de comunicação da Igreja Católica no Brasil, debate temas como comunicação, justiça socioambiental e Ecologia Integral, reunindo comunicadores, estudantes, pesquisadores e agentes pastorais. A homenagem à JnT reconheceu sua trajetória na defesa dos direitos humanos, da natureza e no fortalecimento de experiências comunitárias responsáveis pela preservação da Amazônia. Segundo Larissa, a ocasião também foi uma oportunidade de refletir sobre a importância de continuar a missão em tempos desafiadores, diante das ameaças da mineração e do agronegócio.

Da palavra que ecoa nas comunidades à articulação política que constrói caminhos coletivos. Larissa Santos iniciou sua caminhada na Justiça nos Trilhos como comunicadora e, no 14º Muticom, em Manaus, recebeu a homenagem em nome da associação. Sua trajetória mostra que comunicar é também semear resistência e futuro. | Foto: Claudia Pereira


A cerimônia contou com a entrega do prêmio para Larissa Santos (JnT) e para pe. Dário Bossi, que representaram a JnT, entregue pelos arcebispos e bispos presentes. O texto da homenagem, inscrito em um pedaço de cerâmica, dizia:

“A Comissão Episcopal para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Arquidiocese de Manaus, no contexto do 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação, rendem homenagem à Justiça nos Trilhos (JnT), pelo trabalho em defesa das comunidades atingidas pelos impactos da mineração, pela promoção dos direitos humanos e da natureza, e pelo compromisso permanente com a justiça socioambiental no Brasil. Manaus, setembro de 2025.”

Para Larissa, a homenagem representa a importância do trabalho da JnT com as comunidades impactadas pela mineração e pelo agronegócio no Maranhão, mas também destaca sua conexão com outras experiências de defesa da natureza no Brasil e no mundo. “Esse reconhecimento nos motiva a continuar divulgando não apenas as ameaças e violações sofridas pelos territórios, mas também as transformações que vêm deles. A comunicação é essencial para multiplicar essas vozes como alternativas para o bem viver”, afirmou.

A coordenadora enfatiza que a defesa dos territórios é inseparável da vida das pessoas e da natureza. “Já estamos defendendo a vida há muito tempo – denunciando, anunciando, articulando politicamente e buscando reparação integral. Esse reconhecimento nos fortalece, mas precisamos valorizar ainda mais as experiências que salvam o mundo e apoiar comunidades e lideranças ameaçadas”, declarou.

O reconhecimento também celebra a interdisciplinaridade e a articulação coletiva da JnT. Comunicação, Assessoria Jurídica, Fortalecimento Comunitário e Alternativas Econômicas trabalham juntas para transformar realidades locais. Um exemplo é a luta da comunidade de Piquiá de Baixo pelo reassentamento Piquia da Conquista, que se tornou inspiração nacional. “A luta por direitos é feita cotidianamente e só é possível mediante a articulação coletiva. A forma de atuar da JnT foi muito importante para que ela recebesse esta homenagem”, reforça Larissa.

Em um momento em que a Amazônia enfrenta pressões crescentes da mineração e do agronegócio, a homenagem à JnT no Muticom representa uma celebração da resistência, da solidariedade e da esperança, reafirmando que a comunicação pode ser um caminho potente para o bem viver.


Quilombo Rampa acolhe o 5º encontro da Escola de Educação Popular

Quilombo Rampa acolhe o 5º encontro da Escola de Educação Popular

Fortalecendo ancestralidade, memórias e direitos nos territórios do Corredor Carajás


Turma da 4ª edição da Escola de Educação Popular no Corredor Carajás reunida no Quilombo Rampa: 40 integrantes, muitas histórias e uma só luta coletiva.

Nos dias 26 a 28 de setembro de 2025, o Quilombo Rampa, em Vargem Grande-MA, foi palco de mais uma etapa da Escola de Educação Popular no Corredor Carajás, iniciativa realizada em parceria pela Justiça nos Trilhos (JnT) e o Gedmma. Este foi o 5º encontro da escola, que chega à sua quarta turma, consolidando-se como espaço de formação, resistência e fortalecimento comunitário.

A escola é formada por 40 integrantes, indicados por lideranças de suas comunidades, com idade a partir de 16 anos. As atividades acontecem a cada dois meses, em finais de semana, em comunidades tradicionais, quilombolas ou terras indígenas, e são precedidas por um intenso processo de preparação e mobilização. O objetivo central é aprofundar os estudos, estabelecer contatos, conhecer e apoiar lutas locais, além de fortalecer a memória e a identidade de povos que, historicamente, foram pensados como destinados a desaparecer.

“Mais importante do que o que se mostra, é o que se esconde.” – Raimundo, Quilombo Rampa

Contos, cantos e o som do Tambor de Crioula marcaram os três dias de vivências: a acolhida do Quilombo Rampa ensinou sobre simplicidade, força e ancestralidade.


Durante os três dias de encontro, os integrantes se debruçaram sobre o tema “Ancestralidade, memórias, força dos territórios: Protocolo de Consulta Livre, Prévia, Informada e de Boa Fé”, conduzido pelos assessores Raimundo Quilombola (Quilombo Rampa) e Joercio Pires (Leleco, do Quilombo Santa Rosa dos Pretos). Entre contos, cantos, histórias e o som do Tambor de Crioula, o aprendizado ganhou força não apenas nos conteúdos, mas na experiência viva do território.

Integrantes da Escola de Educação Popular: aprendendo, trocando e construindo caminhos para a cidadania e os direitos da natureza.


O Quilombo Rampa é descrito por moradores como um “cantinho e centro do mundo”, um lugar onde a simplicidade, a entrega e a manutenção dos costumes reforçam a identidade comunitária. A acolhida calorosa e a energia do local foram sentidas por todos por meio dos sorrisos, brilho nos olhos e o sentimento de pertencimento marcaram a experiência.

Segundo Maju Silva, educadora popular na JnT, “é fundamental que as atividades aconteçam dentro das próprias comunidades dos cursistas e participantes. Esses encontros favorecem o intercâmbio e a troca de saberes. A Escola de Educação Popular, por meio das formações, busca potencializar os conhecimentos já existentes, fortalecendo a luta e a resistência nos territórios”.

Formação, resistência e pertencimento – cada rosto é um território de memória e futuro. Vídeo: Renata, do GEDMMA


O encontro reafirmou a importância da formação como ferramenta de resistência, permitindo que comunidades historicamente marginalizadas recuperem as histórias de reação e lutas de seus ancestrais. Nesse espaço, os integrantes buscam formas de levantar do chão e tornar pública sua existência, seus direitos ambientais e territoriais e sua vontade de continuar a ser e viver como são.

“Conhecer a história e a potência que o território Quilombo Rampa representa é energizante e renova os ânimos”, relatam participantes.

O 5º encontro reforça a missão da Escola de Educação Popular no Corredor Carajás: transformar conhecimento em ação, memória em mobilização e ancestralidade em resistência. A iniciativa não apenas fortalece lideranças locais, mas também cria uma rede de solidariedade, diálogo e aprendizado contínuo, mantendo viva a chama da cidadania, dos direitos humanos e dos direitos da natureza.

Com informações Rádio TV Quilombo Rampa – Raimundo Quilombola e GEDMMA 

Fotos: Arquivos da JnT e Gedmma