I Feira de Artesanato em Universidade promove integração entre comunidade acadêmica e comunidades rurais e urbanas de Açailândia (MA)

I Feira de Artesanato em Universidade promove integração entre comunidade acadêmica e comunidades rurais e urbanas de Açailândia (MA)

O evento refletiu sobre a realidade social da região e promoveu o incentivo ao artesanato como instrumento de fortalecimento comunitário

Em parceria com a Associação Comunitária dos Moradores do Piquiá (ACMP) e o Movimento Sem Terra (MST), na quarta-feira (28), o Centro de Ciências Humanas, Sociais, Tecnológicas e Letras (CCHSTL) da UEMASUL, realizou a primeira edição da Feira de Artesanato no campus de Açailândia (MA). O evento teve como objetivo proporcionar aos estudantes um contato direto com a realidade social de Piquiá de Baixo e de Açailândia como um todo, contribuindo para formação de todes e incentivo ao fortalecimento das iniciativas de geração de renda dos territórios participantes.

A feira contou com uma programação diversificada, incluindo mesas-redondas, palestras, minicursos e exposição e comercialização de artesanatos. A atividade marcou também o encerramento da disciplina de Ciências Naturais do Curso de Pedagogia, que realizou várias atividades em Piquiá de Baixo, por meio do Projeto de Educação Popular e Ciências, que abordava a realidade do território de Piquiá.

Com a roda de conversa intitulada “Mulheres, Resistência e os Frutos do seu Trabalho no município de Açailândia”, os participantes tiveram a oportunidade de ouvir sobre como o artesanato pode ser uma ferramenta de fortalecimento comunitário, a partir da partilha de experiências das mulheres que fazem parte do grupo “Mulheres Artesãs de Piquiá”. A aluna Antônia Flavia, moradora de Piquiá de Baixo e também estudante do curso de Pedagogia, expressou seu desejo de disseminar os conhecimentos adquiridos: “Que a gente possa seguir com esses ensinamentos para as pessoas que não puderam estar aqui. Que a gente possa replicar todos esses conhecimentos dessas mulheres poderosas, maravilhosas e incríveis nos ensinaram. É hora de recomeçar!”

Durante a tarde, os participantes tiveram a oportunidade de participar de uma oficina de crochê em fio de malha residual, oferecida pela equipe da Fios e Mimos. A roda de conversa sobre “A demarcação de terras indígenas no Brasil e o PL 2903 (antigo 490)” também despertou discussões significativas sobre questões sociais e políticas. No período noturno, a roda de conversa abordou o tema “A Reforma Agrária no Brasil e a CPI do MST”, trazendo à tona debates sobre a situação da agricultura e as lutas dos movimentos sociais.

O evento foi um espaço de troca de conhecimentos e reflexões sobre temas relevantes para a região, fortalecendo a conscientização, engajamento e integração entre estudantes, comunidade local e movimentos sociais. Para Maria Fernanda Vieira, aluna do quarto período de Pedagogia as atividades foram significativas, “a feira de artesanato foi um projeto incrível de se participar. O projeto me abriu os olhos para outros horizontes, eu pude entender e compreender melhor a realidade ali vivida. Poder participar dessa experiência foi algo muito significativo”, finalizou.

Nota de Repúdio aos ataques aos trabalhadores sem terra em Sudelândia (MA)

Nota de Repúdio aos ataques aos trabalhadores sem terra em Sudelândia (MA)


Açailândia, Maranhão, 07 de junho de 2023



A Rede Cidadania de Açailândia, entidade comprometida com a promoção e defesa dos direitos humanos, vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à tentativa de homicídio perpetrada contra trabalhadores sem terra na região da Fazenda São Bento, em Sudelândia, zona rural de Açailândia, na noite desta terça-feira, 06 de junho de 2023.

É com profunda consternação que recebemos a notícia de que trabalhadores, incluindo mulheres, crianças, idosos e jovens, foram alvo de disparos de arma de fogo, resultando em duas pessoas feridas e uma em estado grave, com um tiro na cabeça. Repudiamos veementemente qualquer ato de violência e violação dos direitos humanos, especialmente quando envolvem trabalhadores que lutam por acesso à terra e melhores
condições de vida.

Ressaltamos que a região de Sudelândia tem sido palco de uma disputa desigual entre a poderosa empresa Suzano e os trabalhadores sem terra. A situação atual é extremamente preocupante, caracterizada pelo uso desproporcional da força e pelo clima de terror instalado no local. Mulheres, crianças, idosos e jovens estão vivendo com medo constante, e se não houver uma intervenção imediata e efetiva das autoridades competentes, tememos que vidas sejam perdidas.

Além disso, há denúncias de que a área em questão tenha sido grilada pela empresa, que agora busca remover os trabalhadores a todo custo, inclusive por meio de ações ilegais. Essa prática é inaceitável e requer uma resposta firme e justa por parte das
autoridades.

Diante do ocorrido, exigimos que os órgãos competentes intervenham de forma enérgica, imparcial e urgente, garantindo a segurança e a proteção dos trabalhadores sem terra na região de Sudelândia. Instamos as autoridades a conduzirem uma investigação minuciosa, a fim de identificar os responsáveis por esse atentado e aplicar as medidas cabíveis, conforme a lei, para que não haja impunidade.

A Rede Cidadania de Açailândia reitera seu compromisso em defender os direitos humanos, o acesso à terra e a justiça social. Estaremos atentos ao desdobramento desse caso e continuaremos a lutar incansavelmente por uma sociedade mais justa e igualitária. Exigimos justiça para os trabalhadores sem terra de Sudelândia!

Atenciosamente

Rede Cidadania

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A rede cidadania é representada por diversas entidades e organizações da sociedade civil de Açailândia, dentre as quais destacamos:

Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmem Bascarán – CDVDHCB; Justiça nos Trilhos – JnT; Sindicato dos Comerciários de Açailândia – SITICMA; Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadores Rurais de Açailândia – STTR; Sindicato dos Bancários do Maranhão/Açailândia; Sindicato da Construção Civil de Açailândia; Associação dos Deficientes – ADEFIA; Associação de Moradores do Jacu; Associação Comunitária de Moradores de Piquiá; Centro Comunitário Frei Tito; Paróquia Santa Luzia; APLIX/ Açailândia; Associação de Moradores do Bairro Barra Azul; Movimento Sem Terra / Açailândia – MST; Congregação Religiosa Missionários Combonianos; Congregação Religiosa Companhia Santa Teresa de Jesus; Rede de Artistas de Açailândia; Academia de Letras de Açailândia; Associação de Moradores do Jacu; Mulheres Artesâs de Piquiá; Associação Mulheres Sementes da Terra.

III Seminário Estadual sobre CFEM em Itapecuru Mirim (MA) destaca participação da sociedade civil e apresentação de projeto no município

III Seminário Estadual sobre CFEM em Itapecuru Mirim (MA) destaca participação da sociedade civil e apresentação de projeto no município

No último dia 12, Itapecuru Mirim (MA) foi palco do III Seminário Estadual sobre a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), evento organizado pela Justiça nos Trilhos (JnT) e sediado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Com a participação de autoridades, representantes da sociedade civil e especialistas, o seminário proporcionou debates relevantes sobre a gestão pública e a mineração, além de destacar a importância do projeto sobre CFEM para o desenvolvimento da cidade e do estado do Maranhão.

A programação do evento foi intensa e enriquecedora desde o início. Uma das principais atrações do seminário foi a peça teatral intitulada “CFEM: onde está o dinheiro?”, que buscou conscientizar o público presente sobre a relevância da CFEM e a importância de sua utilização de forma transparente e efetiva. Em seguida, a especialista em gestão pública, Alessandra Cardoso, apresentou o projeto “De Olho na CFEM”, no qual abordou a definição e a relevância da compensação para os municípios.

A mesa composta por autoridades e representantes da sociedade civil, marcou o início dos trabalhos no período da tarde. Entre os participantes estavam Alessandra Cardoso, especialista em gestão pública, o prefeito Dr. Benedito Coroba e o renomado jurista Marlon Reis, que desempenhou papel crucial ao oferecer consultoria para a elaboração do projeto da prefeitura.

Durante a cerimônia, foi enfatizado a relevância da CFEM como recurso para impulsionar o desenvolvimento local, ressaltando a necessidade de sua utilização de forma adequada e transparente.

Um dos pontos centrais do seminário foi o debate acerca do controle institucional e social dos recursos provenientes da CFEM. Esse tema foi discutido com a participação do promotor Dr. Felipe Rotondo, do Dr. Danilo Chammas, de Valdênia A. Paulino Lanfranchi e de Alessandra Cardoso. Durante essa discussão, destacou-se a importância da participação ativa da sociedade civil na fiscalização e no acompanhamento do uso adequado desses recursos, valorizando o conhecimento e a expertise das associações, sindicatos e moradores que estavam presentes e vieram de diversos municípios do Maranhão que são afetados pela mineração.

Durante a tarde, os participantes tiveram a oportunidade de participar de uma conversa em grupo, com o objetivo de ampliar a participação e o controle social da CFEM nos municípios. Em seguida, uma mesa de debate abordou as oportunidades e desafios para o poder executivo na utilização desses recursos, contando com a presença do prefeito Dr. Benedito Coroba, Alessandra Cardoso e Marlon Reis, que contribuíram com insights valiosos e propostas embasadas em suas respectivas áreas de atuação.

Encerrando o seminário de forma significativa, o prefeito Benedito Coroba realizou junto ao Jurista Marlon Reis a leitura do Projeto de Lei elaborado especialmente para Itapecuru Mirim, demonstrando o comprometimento da prefeitura em utilizar os recursos provenientes da CFEM de maneira transparente, responsável e voltada para o desenvolvimento sustentável da cidade. Além disso, a Carta de Itapecuru Mirim, documento que resumiu as principais conclusões e propostas discutidas ao longo do evento, foi apresentada a todos os presentes, reafirmando o compromisso com a transparência e a efetividade no uso da CFEM.

O III Seminário Estadual sobre a CFEM em Itapecuru Mirim revelou-se uma iniciativa de extrema importância para o Estado, propiciando um espaço de diálogo e reflexão sobre a gestão pública e a mineração. A participação ativa da sociedade civil, sincantos, associações de moradores, associações quilombolas, povos indígenas e comunidades urbanas e rurais do Maranhão, aliada à consultoria de Marlon Reis e ao comprometimento da prefeitura, destaca-se como elementos fundamentais para a busca por uma gestão transparente e eficiente dos recursos provenientes da exploração mineral.

A sociedade civil, ao participar ativamente das discussões e contribuir com ideias e propostas, mostrou seu engajamento na fiscalização e no controle social, evidenciando a importância da transparência e da participação cidadã para o sucesso do projeto e de medidas de reparação dos danos causados pela mineração no Maranhão. A cidade de Itapecuru Mirim dá um passo importante rumo à transparência, à responsabilidade social, ao ser pioneira com esse projeto que abre caminhos para a discussão de novos projetos no estado e no país.

“Só com uma maior transparência no uso de recursos oriundos da CFEM é que a sociedade poderá fazer o controle social da aplicação desse recurso e incidir sobre quais áreas prioritárias devem ser beneficiadas. Esse, assim como os seminários anteriores, tem esse objetivo. Com a proposta de lei apresentada aqui hoje saímos com a sensação de que esses processos estão surgindo efeitos. Nosso desejo é que mais prefeituras possam também criar suas leis que regulem e deem mais transparência para o uso dos recursos da CFEM, contando sempre com a participação popular durante a criação de cada etapa”, finalizou Mikaell Carvalho, coordenador geral da Justiça nos Trilhos.

Fotos: Marciel Pires e José Carlos Almeida