Alternativas econômicas para o campo em Buriticupu | Justiça nos Trilhos
13 de fevereiro, 2013

 Estudantes, comunidades rurais e instituições públicas discutiram sobre alternativas econômicas para o campo, em ocasião do I Seminário “O Buriticupu que queremos: desenvolvimento no campo com sustentabilidade local”. O evento aconteceu na sexta-feira 16 de novembro no município de Buriticupu-MA, onde várias comunidades rurais são atingidas pelos impactos da Estrada de Ferro Carajás e sua duplicação.

O evento ocorreu durante todo o dia no auditório do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, campus de Buriticupu. Estiveram representadas instituições como o Conselho Estadual de Segurança Alimentar, a Casa Familiar Rural de Buriticupu, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, o Movimento Sem Terra do Maranhão, a Câmara Municipal dos Vereadores, a Secretaria Municipal de Agricultura, a equipe de transição rumo à nova administração municipal e o próprio IFMA.

O auditório do Instituto ficou cheio de estudantes das áreas de agroecologia e agronomia, além de contar com a participação de trabalhadores rurais que residem no interior do município. O seminário faz parte de um projeto de ação desenvolvido pela Rede Justiça nos Trilhos e Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu que em parceria trabalham para oferecer alternativas econômicas a nove comunidades rurais do município que são impactadas pela Estrada de Ferro Carajás (EFC).

Durante o evento, as atividades desenvolvidas na região foram apresentadas com o objetivo de incentivar outras comunidades a desenvolverem a mesma prática ou outras atividades ligadas à agricultura de forma sustentável. Segundo José Orlando, morador do povoado Vila União, desde o mês de janeiro desse ano os moradores trabalham com roças e hortas ecológicas, um trabalho diferente do que estavam acostumados a fazer, porque não há o uso de agrotóxicos e atividade de queimadas.

 “No início a gente não acreditava que poderia dar certo, para fazer a roça não precisava queimar nada, mas depois deu certo e hoje melhorou a nossa renda, porque vendemos o que produzimos, melhorou a saúde porque são alimentos naturais e os jovens já estão trabalhando nisso também”, relata José Orlando. Além disso, o projeto está construindo em mutirão pequenas experiências produtivas de ovinocultura e suinocultura.

Para a pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão, Sislene Costa, essas alternativas econômicas vão contra o modelo de desenvolvimento que está implantado no estado do Maranhão. “No nosso estado são inúmeros os projetos ditos de desenvolvimento que estão concentrando as suas atividades na exploração dos recursos naturais, principalmente para a geração de energia e para a mineração e junto com isso está aumentando cada vez mais as áreas de monocultivo”, enfatizou. 

Buriticupu está entre os 27 municípios que são impactados pelo Programa Grande Carajás. São regiões que tiveram as atividades agrícolas reduzidas, rios poluídos, assoreados e florestas devastadas. As alternativas econômicas desenvolvidas na área rural do município possibilitam a conservação do ambiente que restou a esses povoados impactados. “É uma forma de mostrar para o poder público que ele tem como e pode fazer”, afirmou Flávio Pereira, membro do Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu.

As comunidades que desenvolvem as atividades coordenadas pela Rede Justiça nos Trilhos e Fórum de Políticas Púbicas não recebem nenhum incentivo do município ou do estado. Na ocasião, as instituições presentes se comprometeram em estabelecer uma parceria com as entidades e ajudar no que for demandado pelas comunidades. 

Fonte: assessoria de imprensa de Justiça nos Trilhos, 18 de novembro de 2012