sexta-feira, 30 de abril de 2010
O município de Barcarena possui atualmente 30 ocupações irregulares que abrigam cerca de 35 mil famílias vivendo sem iluminação pública, abastecimento de água, saneamento e segurança pública.
A maior parte dos invasores chegou à cidade para realizar o sonho do emprego em uma das duas maiores indústrias de alumínio do país situadas no local, Albrás e Alunorte (Vale), ou aproveitar a fértil economia municipal para abrir um negócio.
Sem qualificação necessária para conseguir trabalho e com elevado custo de vida da área, muitas pessoas não conseguem pagar aluguel ou comprar uma casa e migram para as ocupações, que hoje geram um contraste do desenvolvimento urbano ao misturar áreas bem urbanizadas, como a Vila dos Cabanos e o centro de Barcarena, com áreas desmatadas e habitadas de forma irregular.
A Indefinição sobre a origem da terra invadida atrasa a regularização, processo atrapalhado ainda mais por grileiros.
A ex-vendedora de frutas Fátima Solange Oliveira, de 43 anos, foi uma das pessoas que na promessa de melhores oportunidades de trabalho em Barcarena, mudou-se para o município, onde abriu uma banca de frutas.
A barraca fechou porque ela não conseguiu pagar o aluguel da casa e da banca. Sem ter onde morar e sem conseguir emprego, entrou para a ocupação Jardim São José, onde montou uma associação de moradores para buscar melhores condições de vida para as 800 famílias que hoje residem na área sem iluminação adequada, sem abastecimento de água e sem saneamento.
“Pólo industrial chama pessoas de todo lugar querendo emprego. Foi assim que vim parar aqui. Não tenho vergonha de dizer. Mais de 60% dos moradores daqui é desempregado e muitos moram de favor. Luto para conseguir benefícios para os moradores porque, às vezes, dá pena de ver crianças doentes ou com fome”, conta.
O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Nova Barcarena, Isaías Alho Rodrigues, foi ao município com a mesma esperança de aproveitar as oportunidades de expandir o negócio próprio.
Técnico em bombas injetoras a diesel, Isaías montou um ponto no sítio São João, comunidade Cristo Rei, onde passou um ano e meio até se deparar com a mesma realidade enfrentada por Solange. Perdeu tudo após uma reintegração equivocada e agora recomeça com uma ocupação pela qual luta para conseguir a regularização.
Fonte: O Liberal – 30 de abril 2010
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