Seja no Brasil, com o projeto Grão Pará-Maranhão, ou na cordilheira de Simandou, na Guiné, os grandes projetos de “desenvolvimento” da mineração demonstram sua capacidade de exploração e devastação da natureza, juntamente com a violência aos modos de vida das comunidades.
Nos últimos dias, uma delegação composta por cerca de nove pessoas da Guiné, ameaçadas pelo projeto que visa destruir uma cadeia de montanhas para a construção de uma mina de ferro a céu aberto no sudeste do país, passou por cidades de Minas Gerais, Pará e Maranhão para conhecer as estratégias de defesa da terra pelas comunidades brasileiras.
“As minas serão abertas na cadeia de montanhas explorada, que é uma zona de floresta muito densa, com muita biodiversidade. Para chegar ao porto, que fica do outro lado, será construído um caminho de ferro que atravessará todo o país até o oceano. Com 600 a 700 km de comprimento, esse caminho entre as minas, o trem e o porto, que formam os três componentes, impactará o meio ambiente, as terras agrícolas, as terras de pasto e também as zonas de terra”, diz Ibrahima Sory Kourouma.
A experiência de troca com os assentamentos Agroplanalto, João do Vale e Francisco Romão, próximos a Açailândia (MA), fez com que africanos e brasileiros se conectassem por meio da força da resistência, apesar das diferenças linguísticas aparentes.
Esse foi o conselho de Alzeneide Prates, mulher assentada e defensora da terra e dos direitos humanos: “Não podemos desistir daquilo que nos faz existir: a terra. Esses grandes projetos vêm para nos iludir, e depois voltamos à estaca zero. Que vocês não desistam da vida dentro dos territórios”.
Fotos: Yanna Duarte