MST ocupa Estrada de Ferro Carajás (EFC) no Pará denunciando descumprimento de acordos com a Vale S.A. e o Incra
22 de maio, 2025

Movimento também bloqueia estrada de acesso à mina do Projeto Cristalino, em Canaã dos Carajás (PA). A ação integra a Jornada de Lutas por Reforma Agrária Popular e cobra o reconhecimento de assentamentos na região, a liberação de fomentos para quintais produtivos e outras demandas ainda não atendidas.

Na manhã desta quinta-feira (22), a Estrada de Ferro Carajás (EFC) amanheceu ocupada por militantes do Acampamento Terra e Liberdade, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Parauapebas, no Pará. O movimento cobra o cumprimento de acordos firmados com a mineradora Vale S.A. e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ainda em dezembro de 2024. Cinco meses depois, chega ao fim o prazo estipulado para uma devolutiva por parte da empresa e dos órgãos responsáveis, e as famílias impactadas exigem respostas imediatas.

Simultaneamente à ocupação da EFC, cerca de mil famílias do Acampamento de Resistência Popular Oziel Alves bloquearam a estrada que dá acesso à mina de cobre e ouro do Projeto Cristalino, da Vale S.A., em Canaã dos Carajás (PA). O empreendimento ainda está em fase de análise documental para obtenção do licenciamento ambiental e, se aprovado, poderá desmatar quase mil hectares de floresta conservada — além de expulsar famílias que vivem da agricultura familiar na região —, conforme reportado pelo portal Sumaúma.

O movimento reivindica a aquisição de terras destinadas à criação de assentamentos para as famílias dos acampamentos Terra e Liberdade (Parauapebas) e Oziel Alves (Canaã dos Carajás), a liberação de fomento para dois mil quintais produtivos, a construção de uma escola de Ensino Médio no Assentamento Palmares II e a formalização de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Vale e o Incra, que permita o desenvolvimento de ações voltadas aos assentamentos — entre outras demandas ainda não atendidas.

As mobilizações fazem parte da Jornada de Lutas por Reforma Agrária Popular em curso no país e reúnem cerca de seis mil agricultores e agricultoras da região sudeste do Pará. O movimento denuncia violações de direitos humanos e impactos socioambientais causados por grandes empreendimentos, como os da Vale S.A., e reforça a importância da democratização do acesso à terra, da reforma agrária e da agricultura familiar camponesa como caminhos estruturantes para o combate à fome no Brasil.

Informações: MST Pará