No último mês, nos dias 25 e 26 de maio, ocorreu no auditório da Adufmat (UFMT-Sinop) uma roda de conversa promovida pelo Fórum Teles Pires. O evento reuniu diversas entidades e organizações com o objetivo de discutir pautas relacionadas à infraestrutura, territórios e direitos no corredor Tapajós-Xingu.
Foto: Ahmad Jarrah
Durante o encontro, representantes de comunidades indígenas e demais afetados por grandes empreendimentos tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências e alertar sobre os impactos negativos que tais projetos podem trazer. Entre os presentes estavam Genilson Guajajara, da Terra Indígena Rio Pindaré, de Bom Jardim, e José Carlos Almeida, assessor de comunicação da Justiça nos Trilhos (JnT), ambos são comunicadores populares no Maranhão e participaram do evento.
Um dos principais temas discutidos foi a Ferrogrão, uma malha ferroviária que pretende interligar o Porto de Mirituba, no Pará, ao município de Sinop, em Mato Grosso. Essa rota é considerada estratégica para o agronegócio, pois visa facilitar o transporte de grãos, insumos e fertilizantes, reduzindo os custos de exportação. No entanto, a construção dessa ferrovia atravessa uma unidade de conservação e impacta diretamente comunidades e povos indígenas em seus territórios.
Fonte: G1
Convidados pelo Fórum Teles Pires, convite esse mediado pela JnT, Jose Carlos e Genilson Guajajara compartilharam suas experiências e alertaram sobre os riscos e desafios enfrentados pelas comunidades afetadas pela Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão, que transporta minério e grãos pelo Estado. Eles destacaram que muitos dos projetos de grandes empreendimentos não beneficiam as comunidades de maneira adequada, deixam apenas falsas promessas discutidas em conversas com as lideranças. Por outro lado, os impactos são irreversíveis.
”É muito perigoso, porque os projetos não beneficiam as comunidades da forma que elas esperam, fica apenas uma falsa promessa que é discutida nas rodas de conversas com as lideranças. Acho que a gente precisa ter muito cuidado nesses diálogos em que a empresa vem para a comunidade. Então esse encontro é fundamental justamente pra gente ter esse cuidado de se articular melhor para esse tipo de enfrentamento. Resistir sempre”, finaliza Genilson Guajajara .
“A gente tá lidando diretamente com os prejuízos que causam uma estrada de ferro ao meio ambiente e para as populações que moram ali e que são atravessadas pela estrada de ferro, são violações impossíveis de reparar. Então o que a população puder fazer para impedir que projetos como esses aconteçam da forma que acontecem, tem que ser feito. Porque depois não tem como reverter. Vocês têm que avançar e impedir que esses empreendimentos sejam instalados, enfrentando essa logística que não é para gente”, defendeu José Carlos no encontro.
Durante a roda de conversa em Sinop, diversas lideranças indígenas estiveram presentes, representando povos como Kawaiwete, Munduruku, Boe, Nambikwara, Ikpeng, Xavante, Enawenê-Nawê, Kayapó, Woró, Terena e Guajajara. O encontro proporcionou um espaço de diálogo aberto e inclusivo, permitindo o compartilhamento de experiências e a busca por soluções conjuntas. Recentemente, a pauta voltou a ser debatida no país após o ministro Alexandre de Moraes autorizar a retomada dos processos relacionados à construção da Ferrogrão no Supremo Tribunal Federal, no último dia 31 de maio.
A roda de conversa realizada em Sinop representou um importante passo nessa direção, fortalecendo a articulação entre diferentes comunidades afetadas por grandes empreendimentos e reafirmando a necessidade de resistir em prol dos direitos e da proteção dos territórios tradicionais.
CARTA DE SINOP
Confira abaixo a íntegra da Carta de Sinop, documento com os resultados das discussões e reivindicações para autoridades do Governo Federal: https://drive.google.com/drive/folders/17SxtHaVB1u61OwiCw4rw1BZUOXx-AIen?usp=sharing
GALERIA DE FOTOS
Autores (as) das fotos: MAB, Ahmad Jarrah, José Carlos Almeida, Genilson Guajajara e Daniella Alvarenga