Todos os anos em memória à história de luta de Zé Cláudio e da Maria do Espírito Santo, é realizada na região, a Romaria dos Mártires da Floresta, que reúne diversos atores sociais engajados na mobilização pela defesa da floresta e reforma agrária. As lideranças lutaram pela presevarção da floresta e pelo fortalecimento do Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, no Pará.
Com o tema “Pelas mãos que plantam as sementes, pelas mãos que colhem os frutos, saciam a fome de justiça”, na 8ª edição da Romaria, durante os dias 03 e 04 de junho de 2023, ativistas e vários povos da floresta como: Indígenas, extrativistas, trabalhadores rurais e familiares, percorreram até o local que no dia 24 de maio de 2011, Maria e Zé Claudio foram covardemente assassinados até a casa deles. No percurso, as místicas fortaleceram o enganjamento militante em torno da defesa dos Direitos Humanos e Direitos da Natureza.
“Um verdadeiro mergulho na natureza e na memória do casal Zé Cláudio e Maria. Grandes defensores da floresta em pé com extrativismo sustentável. Criaram uma reserva extrativista de 22 mil hectares, com boa parte da Floresta preservada. Hoje beneficiam a castanha, a andiroba e outros produtos de produção agroflorestal. Foi criado o Insituto Zé Cláudio e Maria e a casa das mulheres Geat”, compartilha Renato Paulino Lanfranchi, coordenador administrativo da Justiça nos Trilhos (JnT), que participou da Romaria junto com Marlúcia Azevedo, moradora de Burititucupu (MA) e membra do Conselho Deliberativo de JnT.
A caminhada foi também um momento de reflexão e reverência aos que morreram defendendo a floresta, mas que continuam vivos com suas sementes a germinar entre os que ficaram. A 8ª Romaria dos Mártires da Floresta faz alusão aos 12 anos do assassinato do casal Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo e 10 anos de impunidade no sistema de justiça. Em cada parada durante o trajeto, grupos se revezavam na tessitura de reflexões sobre a violência que acometem os trabalhadores e trabalhadoras do campo, sobre temas atuais, principalmente voltando para o Sínodo da Amazônia, no que diz respeito a preservação da Amazônia.
Para Marlúcia Azevedo, a Romaria “foi um momento onde a gente pode sentir a presença não só de Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo, mas a presença do Bruno, do Dom Phillips, de Chico Mendes, da Irmã Dorothy Stang e de tantos outros que foram lembrados na Romaria. Sentir a mística dos movimentos e dos povos originários que estavam ali presentes no sentido de reviver a luta. Porque todos foram assassinados, mas estão aqui sempre presente nesta luta, em especial neste momento onde estamos discutindo o Marco Temporal e a preservação da Amazônia para sobrevivência da humanidade”, ressaltou.
“Ao olhar a reserva tão bonita, você passa a compreender o amor que guiava Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo. Tudo que vivemos foi uma espécie de reavivamento de esperança! É sentir que vale a pena lutar e seguir na linha em defesa dos direitos humanos e direitos da natureza”, afirma Marlúcia.
Entre participantes e organizadores estão o Instituto Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (IZM) e também o CIMI, CPT, UNIFESSPA, Ceb’s, MST, REPAM e outros coletivos de juventude entre outras entidades. O encerramento do primeiro dia de atividade foi aos pés da majestade castanheira, que têm mais de 300 anos. No domingo foi celebrada a missa no mesmo local por dom Vital o bispo da Diocese de Marabá e concelebrada por Padre Paulinho da Arquidiocese de Belém. E para finalizar esse momento espiritual os povos indígenas da etnia Guarani abençoaram todos os romeiros com um ritual do Deus Tupã e Hinhadurú.
“Serviu para fortalecer laços com os movimentos do Pará, convidar e falar do Encontro Regional dos Atingidos pela Mineração (ERAM), que será realizado nos dias 21, 22 123 de julho deste ano. Nos fizeram prometer de voltar o ano que vem. Vale a pena”, afirma Renato.