Justiça nos Trilhos (JnT) apresenta em Imperatriz (MA) experiências de comunidades atingidas por mineração e agronegócio
29 de setembro, 2025

No encontro do CEBI, a luta por direitos humanos e cuidado com a Casa Comum se encontra com a fé e a resistência popular

Reencontros que carregam história: na roda do CEBI, revisitamos caminhos da Justiça nos Trilhos (JnT), lembramos lutas de Piquiá e ouvimos o som que acompanha nossa jornada, “Que Trem Esse”, de Paulo, trilha da nossa resistência. Entre memórias e perspectivas, a conversa se fez viva com Divina, do MST, e João Palmeira, da CRF de Coquelândia. | Foto: João Paulo


No último sábado (27), Imperatriz (MA) recebeu um encontro que reuniu fé, justiça social e cuidado ambiental. Promovido pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), o evento trouxe organizações e comunidades para discutir os impactos das mudanças climáticas e a urgência de proteger a Casa Comum, inspirado pela encíclica Laudato Si.

A iniciativa também contou com a participação da Justiça nos Trilhos (JnT), que compartilhou relatos de quem vive às margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e sofre, diariamente, com os efeitos da mineração e do agronegócio. Segundo Mikaell Carvalho, coordenador da JnT, não se trata apenas de solo, água ou ar degradados: “Estamos falando de modos de vida inteiros sendo desestruturados, de comunidades ameaçadas, de vidas que clamam por justiça”.

Um espaço de troca, lembrança e força para seguir os caminhos da justiça socioambiental. | Foto: João Paulo


Um dos exemplos mais marcantes apresentados foi o de Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA). A comunidade, sufocada pela poluição do polo siderúrgico, precisou ser realocada. A resistência histórica do povo resultou no reassentamento em Piquiá da Conquista, hoje referência em direitos humanos e proteção ambiental.

O papel da Igreja também foi lembrado, especialmente dos Missionários Combonianos, que acompanharam a comunidade ao longo da luta, mostrando que a fé pode ser instrumento de transformação social, e não apenas ritual nos templos.

O encontro reforçou uma mensagem clara: é possível articular fé, justiça social e cuidado ambiental mesmo diante de um modelo de desenvolvimento que privilegia lucro em detrimento da vida. Histórias como a de Piquiá provam que resistência e solidariedade caminham juntas, nos trilhos e fora deles.