No encontro do CEBI, a luta por direitos humanos e cuidado com a Casa Comum se encontra com a fé e a resistência popular
No último sábado (27), Imperatriz (MA) recebeu um encontro que reuniu fé, justiça social e cuidado ambiental. Promovido pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), o evento trouxe organizações e comunidades para discutir os impactos das mudanças climáticas e a urgência de proteger a Casa Comum, inspirado pela encíclica Laudato Si.
A iniciativa também contou com a participação da Justiça nos Trilhos (JnT), que compartilhou relatos de quem vive às margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e sofre, diariamente, com os efeitos da mineração e do agronegócio. Segundo Mikaell Carvalho, coordenador da JnT, não se trata apenas de solo, água ou ar degradados: “Estamos falando de modos de vida inteiros sendo desestruturados, de comunidades ameaçadas, de vidas que clamam por justiça”.
Um dos exemplos mais marcantes apresentados foi o de Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA). A comunidade, sufocada pela poluição do polo siderúrgico, precisou ser realocada. A resistência histórica do povo resultou no reassentamento em Piquiá da Conquista, hoje referência em direitos humanos e proteção ambiental.
O papel da Igreja também foi lembrado, especialmente dos Missionários Combonianos, que acompanharam a comunidade ao longo da luta, mostrando que a fé pode ser instrumento de transformação social, e não apenas ritual nos templos.
O encontro reforçou uma mensagem clara: é possível articular fé, justiça social e cuidado ambiental mesmo diante de um modelo de desenvolvimento que privilegia lucro em detrimento da vida. Histórias como a de Piquiá provam que resistência e solidariedade caminham juntas, nos trilhos e fora deles.