Feira da Resex Tauá-Mirim une tradição, cultura e luta por justiça ambiental em São Luís
3 de julho, 2025

Evento integrou o VII EREPEG e destacou a urgência da criação da reserva extrativista na zona rural da capital maranhense

Gente que luta com as mãos, com a voz e com o coração.

Na manhã da última quinta-feira (03), a quadra do Colégio Universitário da UFMA (COLUN) se transformou em um território de cores, cheiros e histórias. A Feira da Resex Tauá-Mirim “Maria Máxima Pires” voltou a ocupar o espaço com força total, reunindo saberes tradicionais, sabores da terra, arte, cultura e um chamado coletivo à preservação ambiental e à justiça social.

A edição deste ano integrou a programação do VII EREPEG (Encontro Regional de Estudantes de Pós-Graduação em Geografia), ampliando os debates sobre território, ancestralidade e sustentabilidade. Mais do que um evento, a feira é uma expressão viva das comunidades da zona rural de São Luís (MA) que há anos lutam pela criação da Reserva Extrativista (Resex) Tauá-Mirim, uma medida urgente para garantir o direito à terra, proteger modos de vida tradicionais e conservar os ecossistemas locais.

Cultura, memória e resistência

Além dos produtos da agricultura familiar e do artesanato repleto de identidade, a feira foi palco de uma apresentação emocionante da Quadrilha Damas da Roça, da comunidade do Rio dos Cachorros (MA). Com o tema “Herança de Maria Máxima”, o grupo prestou homenagem à liderança que dá nome à feira, e que segue inspirando a luta de tantas mulheres e homens do campo. Entre vestidos rodados e passos firmes, ficou evidente: a cultura popular também é ferramenta de resistência.

Biojoias e sabedoria ancestral

Entre as barracas, uma em especial chamou atenção pelas cores cintilantes e o brilho natural: era o espaço da artesã Núbia Lafayete, co-criadora das biojoias “Maravilhas do Mar”, produzidas com escamas dos peixes Pirarucu, Pescada Amarela e Camurupim. Núbia compartilhou um pouco de sua técnica e visão:

“A natureza compartilha tudo com a gente. Basta olhar com carinho, usar a criatividade e pensar na conservação. Minhas peças nascem desse respeito: uso o que ela oferece de forma sustentável, sem agredir, transformando em beleza o que antes poderia ser descartado”, contou.

A artesã é uma das muitas representantes do protagonismo feminino presente na feira, que reafirma a autonomia e o talento das mulheres nas comunidades tradicionais.

A urgência da Resex Tauá-Mirim

A cada edição, a feira reforça o clamor pela criação da Resex Tauá-Mirim, um passo fundamental para proteger territórios ameaçados pelo avanço urbano, pela especulação fundiária e pelos impactos ambientais. A reserva garantirá o direito de permanência das comunidades tradicionais, fortalecendo práticas sustentáveis e formas de vida alinhadas com a conservação ambiental.

Durante o evento, a venda da camisa da campanha “Resex Tauá-Mirim Já!” simbolizou essa mobilização coletiva. Cada peça vendida se tornou um grito a mais por reconhecimento, justiça e proteção.

“A feira é mais que um evento. É onde a gente se encontra, compartilha e mostra que está vivo, resistindo. A Resex é o que vai garantir que isso continue acontecendo por muito tempo”, afirmou Fran Gonçalves, moradora da comunidade de Taim, e integrante do grupo GEDMMA.

Sementes lançadas para o futuro

Com afeto, firmeza e criatividade, a Feira da Resex Tauá-Mirim segue cumprindo seu papel: conectar pessoas, manter vivas as tradições e lembrar que, em tempos difíceis, resistir também é celebrar. Que a luta continue ecoando nos territórios, nos corpos, nas danças, nas sementes e nas mãos de quem transforma a natureza em arte.