Cartilha denuncia os responsáveis pelo caos climático: mineração, agronegócio e falsas promessas de desenvolvimento
2 de julho, 2025

Lançada pela Justiça nos Trilhos (JnT), a publicação propõe o “envolvimento” como antídoto à febre que ameaça o planeta e os territórios.

A capa da cartiha. O projeto gráfico é assinado por Patricia Yamamoto.

A crise climática que impacta o mundo tem sido tratada, muitas vezes, como um fenômeno natural ou inevitável. Mas a nova cartilha “A Terra está com febre – Mineração, agronegócio e as emergências climáticas”, lançada pela organização Justiça nos Trilhos (JnT), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), confronta essa narrativa ao afirmar com clareza: a febre do planeta tem causas e causadores.

Produzido com linguagem acessível e forte embasamento técnico, o material traz uma análise direta das raízes estruturais da emergência climática no Brasil. Para os autores, o aumento da emissão de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono e o metano, acelerado por queimadas, desmatamento e pela queima de combustíveis fósseis, é resultado de um modelo de desenvolvimento predatório, sustentado por setores como o agronegócio, a mineração e a indústria petrolífera, além de outras fontes fósseis, como o gás e o carvão.

“Contra a febre do desenvolvimento, o envolvimento como antídoto.”

É com essa frase que a cartilha propõe um novo caminho: engajamento popular, fortalecimento dos povos originários e tradicionais e enfrentamento direto às estruturas que colocam o lucro acima da vida.

A crise tem rosto e território

Muito além dos dados, a cartilha evidencia como comunidades indígenas, quilombolas e camponesas vivenciam, no dia a dia, os impactos de um modelo de desenvolvimento excludente: expulsões, grilagem de terras, contaminação das águas, destruição das florestas e perda de modos de vida. Esses danos não são provocados diretamente pela crise climática, mas resultam de práticas econômicas violentas. Ainda assim, a emergência climática aprofunda essas desigualdades, afetando de forma mais intensa e injusta essas populações, agravando os efeitos já existentes.

O conteúdo reafirma a urgência da demarcação de terras indígenas, da titulação de territórios quilombolas e do reconhecimento da relação harmônica entre esses povos e a natureza como uma das chaves para enfrentar a emergência planetária.

“É preciso explicitar a mentira do discurso do desenvolvimento”, diz um dos trechos mais enfáticos da publicação.

Ferramenta de luta e formação

A cartilha é de livre distribuição e tem caráter educativo e comunitário. Está disponível para download gratuito e pode ser utilizada em rodas de conversa, escolas, formações populares e atividades de mobilização ambiental.

Sobre a publicação

A cartilha foi organizada por João Paulo Alves da Silva e Joércio Pires da Silva, com colaboração técnica e científica de Felipe Sabrina Duran, a partir de um estudo anterior de Saulo Barros da Costa e Julio Itzayán Anaya López. O projeto gráfico é assinado por Patricia Yamamoto. A realização é da organização Justiça nos Trilhos, com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS).

Baixe gratuitamente aqui.