“Honra Medonha”: Raimundo Quilombo na lista dos 50 jornalistas pretos mais admirados do Brasil
Raimundo José, licenciado em geografia pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), é jornalista quilombola e defensor da natureza e dos direitos humanos. O comunicador popular utiliza essa ferramenta para dar visibilidade e disputar as narrativas a partir de seu próprio povo, cultura e ancestralidade. Fundador da TV Quilombo Rampa, ele narra com a sua voz e criatividade, o dia-a-dia do Quilombo Rampa, localizado próximo ao município de Vargem Grande, no Maranhão. Recentemente, o maranhense saiu na lista dos +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. O prêmio é uma iniciativa do Jornalistas&Cia em parceria com 1 Papo Reto, Neo Mondo e Rede JP de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação, para homenagear e reconhecer o trabalho de jornalistas negros e negras da imprensa brasileira. É realizado por meio de uma eleição em dois turnos de votação aberta a todo o ecossistema do Jornalismo e da Comunicação. Em depoimento à Justiça nos Trilhos, o comunicador popular fala da comunicação como instrumento de sobrevivência e luta, e qual lugar que ela ocupa na sua vida e comunidade.
R.J.: “Fala, galera medonha! Raimundo Quilombo na voz da Rádio TV Quilombo Rampa. Eu ter ficado entre os 50 jornalistas pretos mais admirados da imprensa brasileira, para mim, foi uma honra medonha! Ainda mais porque a gente já está fazendo há tantos anos esse trabalho voltado para comunicação popular, de dar visibilidade para as comunidades, tanto na luta contra o racismo, contra o preconceito, contra todas as formas de violações de direitos.
Em uma luta que é a favor da saúde, da educação, a gente sempre levanta essa bandeira da comunicação popular. [Para mim], a Comunicação Popular é como uma ferramenta de transformação de vidas. Ela tem sido uma das formas que está mantendo as comunidades cheias de esperança: esperança de dias melhores, esperança de um presente melhor, esperança que passa por várias situações, entre as principais, o querer viver bem, o querer viver tranquilo em suas comunidades, em seus territórios, livre de perseguições políticas, livre de perseguições de empresas, do latifundiário, ou seja, todas essas práticas maldosas que atravessam nossos povos e comunidades tradicionais.
Então, para mim [o prêmio], soou como muito importante. A gente prega o uso da tecnologia, tecnologia ancestral, fazendo com que a tecnologia moderna se adapte a essa realidade e seja mais uma ferramenta que possa contribuir na nossa luta diária. Eu fiquei muito feliz, e um dos motivos da minha felicidade é saber que a comunicação popular está no caminho certo, e a gente tem feito esse trabalho, e cada dia mais isso nos motiva a permanecer nessa linha de atuação, que é vida, que é a comunicação do respeito, que é a comunicação como deve se comunicar; levando em consideração que tudo na comunidade pode ser visto, tudo pode ser mostrado. É respeitando também o que deve ser e o que não deve ser filmado, e denunciando mesmo aquilo que tem que ser denunciado e cobrado.
Então, para a gente que faz comunicação popular, estar entre os 50 jornalistas pretos da imprensa brasileira mais admirados do Brasil, nesse Brasil gigante, para nós muito importante, porque fortalece a nossa luta coletiva, para usar a comunicação popular como uma comunicação real que ela é, não como uma comunicação que o pessoal pensa que é secundária, que não tem relevância. A gente mostra a partir daí que a comunicação popular é uma potência e ela fala de realidade, porque fala na proteção de vidas.”
Na premiação, que aconteceu no dia 13 de novembro, o comunicador agradeceu ao prêmio em postagem no instagram: “Dedico a todas comunidades quilombolas, indígenas e povos e comunidades tradicionais que acreditam e tem a comunicação popular como uma importante e necessária ferramenta na luta contra as mais diversas violações de direitos”, finalizou.
Por Yanna Duarte e Lanna Luiza
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