Comunicadores populares de Piquiá participam de roda de conversa sobre comunicação com a Mídia Ninja
Instrumento de luta, afirmação de modos de vidas e resistência, a Comunicação Popular é o pulsar forte nas comunidades que resistem contra a mineração.
Dez comunicadores populares de Piquiá estiveram presentes na roda de conversa com a Mídia Ninja, em Imperatriz (MA), debatendo a tarefa da comunicação na região amazônica. A atividade é fruto da ‘Tour Amazônica: Refloresta Já!’, que percorre quatro estados amazônicos: Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá, discutindo com as pessoas que fazem parte da Amazônia e que também são atingidas por empreendimentos predatórios na região.
Para Débora Baima, comunicadora popular formada em Letras, a conversa mostrou a verdadeira força da comunicação popular para as comunidades na luta por seus direitos. “Foi uma roda de conversa bem rica de aprendizado, saber que não lutamos por essas causas sociais sozinhos, mas que temos uma rede de apoio que são os nossos coletivos. Outra coisa importante foi aprender sobre essa comunicação e entender que ela funciona e que não é apenas uma foto ou um texto, mas também uma denúncia e forma de lutar por nossos territórios, e nós fazemos isso através da comunicação popular”, avalia Débora.
O encontro reuniu movimentos sociais, professores e estudantes da UEMASUL (Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão), UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e Faculdade Anhanguera, além de sindicatos. A pauta principal foi sobre as formas de comunicação e resistência nos estados que fazem parte da Amazônia legal.
Flávia Nascimento, comunicadora popular e moradora de Piquiá de Baixo, comunidade que sofre os impactos da cadeia da mineração em Açailândia (MA), aproveitou para falar sobre a comunicação como arma na luta contra as violações que seus amigos, familiares e vizinhos enfrentam no bairro. Flávia já viajou para a Suíça e Itália espalhando o seu depoimento sobre as lutas do bairro. Ainda em sua fala, combateu o argumento usado pela mineradora Vale S.A. e as siderúrgicas de que as empresas chegaram antes dos moradores.
“Vocês de Imperatriz podem não ver a poluição, mas o pó do minério também contamina vocês da mesma forma. E a gente tá falando isso pra alertar. Nós vivemos lá [no bairro] não é porque a gente quer, ou porque somos invasores ou mortos de fome. Quem chegou invadindo nosso espaço foram as empresas. E quando a gente fala de comunicação e do nosso coletivo de comunicadores e comunicadores populares, a gente está lá pra falar do nosso bairro, porque ninguém vai falar dele melhor do que nós mesmos”, interveio Flávia.
Texto: Yanna Duarte
Fotos: Comunicadores Pulares de Piquiá
Edição: José Carlos Almeida
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