Proposta Pública ao Conselho de Administração da Vale para manutenção dos empregos e benefícios
28 de janeiro, 2009

O Sindicato Metabase de Congonhas, Ouro Preto e região e o Sindicato Metabase de Itabira e região entendem que a Vale, maior empresa privada do Brasil, detentora de US$ 15 bilhões em caixa e tendo ampliado em 40 vezes o seu valor nos tempos de crescimento econômico, encontra-se em situação privilegiada para enfrentar os efeitos da crise econômica mundial e a queda da demanda do minério de ferro.

Essa situação privilegiada da empresa pode e deve ser motivo de segurança para o trabalhador que, trabalhando em companhia de tal porte, não deveria temer demissões ou perda de benefícios. Acontece que nestes meses de crise ocorreu justamente o contrário e a Vale foi a pioneira das demissões e das propostas prejudiciais ao trabalhador, como no caso da suspensão dos contratos de trabalho e, agora, da licença remunerada com 50% do salário-base.

Visando garantir o emprego e os benefícios dos trabalhadores e levando em consideração a situação atual da empresa propomos ao Conselho de Administração da Vale que:

1)     Aprove acordo com os sindicatos no sentido de garantir a estabilidade no emprego nesses tempos de crise e trazer tranqüilidade aos seus trabalhadores.

2)     Reintegre imediatamente os demitidos no último período, inclusive os demitidos pelas empresas terceirizadas, que devem ser admitidos como funcionários da Vale.

3)     Rejeite a remuneração mínima aos acionistas de US$ 2,5 bilhões indicada pela Diretoria Executiva da companhia, aprovando no máximo metade desse valor (US$1,25 bilhões), e utilize essa quantia para garantir a estabilidade no emprego e a reintegração dos demitidos, tanto quanto o pagamento integral dos royalties aos municípios, visto que a folha de pagamento a todos os funcionários do mundo não alcança US$ 1 bilhão e os royalties pagos no Brasil não chegam a U$$ 200 milhões de dólares.

4)     Abdique de realizar qualquer investimento no exterior, como na compra dos ativos das minas de carvão da Cemento Argos na Colômbia por US$ 300 milhões, que utilize recursos que possam servir para garantir o acima reivindicado.

Sendo a Vale uma empresa que sempre vinculou sua imagem à responsabilidade social e estando no interesse da companhia não repassar aos seus empregados os efeitos integrais da crise econômica, temos a certeza que nossa proposta é a melhor alternativa para garantir uma passagem tranqüila por esses tempos de turbulência.

Caso a empresa insista em demitir seus trabalhadores massivamente, demonstrará que a iniciativa privada não é capaz de preservar o patrimônio do povo brasileiro devendo, portanto, se retirar do comando da empresa, voltando a Vale às mãos do Estado brasileiro, sob controle das comunidades, do povo e dos seus trabalhadores.

Nossa proposta conta com o apoio de toda a sociedade, como ficou demonstrado no ato e na paralisação feita na cidade de Itabira, MG, no dia 8 de janeiro, e no dia 22 em Congonhas, MG, que contou com o apoio das Prefeituras, das associações de moradores, do Clube de Diretores Lojistas e Sindicatos do Comércio, de parlamentares de todos os partidos, das centrais sindicais, da igreja católica e evangélica das cidades e demais setores sociais.

Já levamos para o governo federal nossa reivindicação de estabilidade no emprego e nenhuma demissão na Vale e o ministro do trabalho de Lula, Carlos Lupi, se comprometeu em debater com a direção da empresa nossa reivindicação. Já tivemos entrevista com autoridades do governo estadual de MG e acreditando que só a luta do trabalhador pode garantir nosso emprego, levaremos em caravana de trabalhadores da Vale de todo o país, nossas reivindicações para a direção da empresa no dia 11 de fevereiro, na sede central da Vale, no RJ.

Sem mais, atenciosamente,

Valério Vieira dos Santos
Sindicato Metabase de Congonhas, Ouro Preto e região do Inconfidentes

Paulo Soares
Sindicato Metabase de Itabira e região