1. O Conflito O Projeto de Assentamento “Belo Vale” encontra-se a 16 Km da cidade de Marabá, ao longo da Transamazônica.
Em vista da instalação da siderúrgica Aços Laminados do Pará (ALPA, com previsão de início de atividades em 2012), o Estado decretou a desapropriação do assentamento Belo Vale. Os moradores não se conformaram com esse decreto. Houve críticas a respeito da postura do Estado em apóio a esse empreendimento. E também críticas a respeito da desapropriação estadual de um projeto de assentamento federal (INCRA).
O projeto da ALPA e sua viabilização prevê a criação (com apóio do PAC) do porto de Marabá, a hidrovia Araguaia-Tocantins (com abertura das eclusas de Tucurui, até o porto de Vila do Conde, Barcarena-Belém), a duplicação da ponte sobre o rio Itacaiúnas e o trecho urbano da rodovia Transamazônica, a hidroelétrica de Marabá. Há contestação a respeito de alguns desses empreendimentos, voltados principalmente à industrialização da região. Em alguns casos há impactos sobre populações indígenas, já anteriormente remanejadas para a região e agora ameaçadas de nova expulsão da terra.
Resistência: CEPASP estudou a produção agropecuária do assentamento e possíveis alternativas. O povo vive de criação de gado em pequenos lotes, produção de leite e queijo, piscicultura, criação de abelhas, produção de hortalices e abacaxi. A CPT organizou a resistência do assentamento e conseguiu impedir o deslocamento. A área industrial não vai interessar a região de Belo Vale.
3. Entrevistas:
(nas fotos: produção de abacaxi, criação de abelhas e peixes na região)
Alternativas produtivas do povo
“Eu tenho gado, tenho carneiro, tenho porco, tenho galinha. De plantio só comestível mesmo, é a manga, o caju, o mamão, a laranja, tenho muita laranja enxertada, principalmente a laranja lima, o limão enxertado e macaxeira. Tenho teca, tenho mogno, tenho ipê e tenho cedro manso”
Resistência contra explulsão
“Rapaz, isso aí tem noite que a gente num dorme preocupado, ta entendendo, com medo de ser preciso voltar pra cidade e na cidade, o quê, uma pessoa com a minha idade, 52 anos, num vai arrumar emprego na cidade porque num tem como uma pessoa de 52 anos, semi-analfabeto, num tem nenhum grau pra estudo, e como é que ele vai conseguir emprego, então é uma preocupação pra mim, eu penso muito, né?, nisso.”
“Porque deixa eu te falar, porque no começo eu falei que eu sou de Minas, né?, ai rodei esse mundo todo, muitos estados aí, localidades, nunca tinha arrumado uma terra pra poder trabalhar, aí a que eu arrumei foi essa, perto de Marabá, você arruma uma terra aqui, fica localizado, mora dez anos na terra, aí o objetivo dessa pessoa é ganhar essa terra, lutamo, ganhamo, aí depois de ganhar você ir prá outro lugar, aí você tem de morar aqui, acabei de criar meus filhos aqui dentro e meus filho conseguiu pode dizer: estudar, pra filho de pobre pode dizer que foi tudo bom, todo mundo terminou o segundo grau, né?, tem deles que já ta fazendo faculdade já, a gente tá lutando, é e de repente você vê um negócio desse, dá desânimo…”.