Empresa segue colocando em risco a vida da população e da natureza
“Vila do Conde é tomada por fumaça branca após incêndio em galpão de mineradora, em Barcarena”. (G1PA)
Na última segunda-feira, 6 de dezembro, mais uma irresponsabilidade empresarial aparecia nas páginas dos jornais do estado do Pará. A chamada acima, publicada pelo G1 Pará relatava a queima de produtos químicos em um galpão da empresa Imerys Rio Capim Caulim S.A. na Vila do Conde. A Vila faz parte de Barcarena, município situado no nordeste do Pará e que há décadas recebe os impactos da mineração.
Na noite do dia 6 e manhã do dia 7 os moradores de Vila do Conde foram surpreendidos por uma fumaça branca que afetava olhos, pele e garganta, fora os problemas de saúde que ainda não foram sentidos. Era o resultado da explosão de produto químico conhecido como hidrossulfito de sódio. Segundo as matérias publicadas até o momento a Imerys confirmou “um foco de incêndio”, mas os moradores denunciam que houve uma tempestade de fumaça branca e que não receberam nenhum alerta da empresa. Alguns moradores saíram por conta própria de suas casas e buscaram apoio distante da Vila.
No site www.imerys.com a empresa afirma atuar no Brasil desde 1996, com a extração e beneficiamento dos minérios de carbonatos de cálcio, caulim e perlita. A empresa está presente nos estados do Pará, São Paulo e Espírito Santos. Ela [a empresa] diz que é “um dos maiores produtores da América do Sul em carbonato de cálcio”.
No Pará, são os moradores de Vila do Conde, no município de Barcarena, que mais sofrem com a presença e atividades da empresa. Essa não é a primeira vez que a mineradora coloca em risco a população e a natureza. Em 2019, o Instituto Evandro Chagas informou que a Imerys despejou rejeitos de minérios nos igarapés do município. A mesma denúncia já tinha sido feita pelo Ministério Público do Estado do Pará em anos anteriores, com pedido de suspensão das atividades da mineradora.
O município de Barcarena é rico em recursos hídricos que geram fonte de vida para muitos dos moradores. Hoje todos os rios e igarapés que passam pelo município estão ameaçados pela atividade empresarial e omissão do poder público. De acordo com o jornal Brasil de Fato, de 2002 a 2020 “17 desastres foram cometidos no município envolvendo a norueguesa Norsk Hydro, a francesa Imerys, além da própria Vale.
A explosão que gerou fumaça e chegou até as casas dos moradores esta semana é mais uma ação que coloca em risco a saúde das pessoas e da natureza, evidenciando o ciclo de violações de diretos que se instala nas regiões que são transformadas em distritos industriais, como é o caso de Barcarena e muitas outras pelo Brasil.
A Justiça nos Trilhos se soma às denúncias realizadas durante os últimos dias, se solidariza com a população de Barcarena e exige que as autoridades ambientais do Estado sejam ágeis e eficazes nas investigações sobre as causas da explosão. Que haja contínuo monitoramento dos riscos à saúde das pessoas e da contaminação do ar, dos rios e igarapés. Que após apuração dos responsáveis, haja a devida sanção, garantindo que outros fatos como esse não se repitam.
Outra violação em território paraense
Confira o vídeo documentário produzido pela Justiça nos Trilhos em parceria com o Grupo de Pesquisa Alternativas na Amazônia (UFPA) sobre a retirada de direitos dos moradores de Barcarena pela empresa Hydro que poluiu o Rio Murucupi.