Declaração Final do 2° Encontro Latino-americano sobre Igrejas e Mineração
15 de fevereiro, 2015

igreja_e_mineracao-38454-2660794Confira a Declaração Final do 2° Encontro Latino-americano sobre Igrejas e Mineraçãoo erealizado em Brasília nos dias 2 a 5 de dezembro de 2014. O encontro faz parte de um processo de articulação anterior, com pretensão de continuidade e de novas alianças.

Veja também as matérias produzidas por ocasião desse encontro:
Igreja e sociedade civil denunciam a violência de muitos projetos de mineração
Confira a entrevista com Cesar Padilla, direto do Encontro Latinoamericano Igrejas e Mineração, em Brasília
Encontro “Igreja e Mineração” começa nesta terça, 2, em Brasília

Com alegria e esperança, homens e mulheres de fé, provenientes de diversas congregações e confissões religiosas de 13 países da América Latina e Caribe, inspirados na dimensão social e profética do Evangelho e acolhidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), partilhamos as reflexões, valores e compromissos que temos assumido ao longo do 2° Encontro Latino-americano sobre Igrejas e Mineração, celebrado em Brasília de 2 a 5 de dezembro de 2014.

Recolhendo as preocupações e iniciativas de diversas comunidades e igrejas locais do continente inteiro sobre o aumento das agressões à vida e aos bens comuns por causa do modelo extrativista, e em continuidade com o 1° Encontro sobre Igrejas e Mineração realizado em 2013 na cidade de Lima, Peru, reunimo-nos para refletir, compartilhar, celebrar e gerar caminhos que nos permitam, em fidelidade ao evangelho de Jesus Cristo, acompanhar de maneira articulada os povos de nossa América Latina que se sentem ameaçados e condenados à destruição de seus meios de vida e à negação de um futuro possível, em aberta contradição com o projeto de vida proclamado pela visão cristã do mundo.

Durante estes dias, temos reafirmado como a imposição do modelo extrativista, promovido pelas grandes corporações e as economias globais com complacência de quem governa nossos estados nacionais, longe de contribuir ao bem estar de todos e todas, incrementa as desigualdades, as violações aos Direitos Humanos individuais e coletivos, a divisão da família latino-americana e de nossas comunidades, a destruição de zonas privilegiadas por sua riqueza de bens naturais e a diversidade biológica de nosso continente.

Com tristeza reconhecemos que, junto às graves violações aos direitos fundamentais dos povos de nossa América, agravou-se a crise ecológica causada pelo estilo de vida consumista e mercantilista dos bens e por um modelo extrativista que não reconhece nem respeita os limites de nosso planeta. Acelera-se, assim, sua degradação e vulnerabilidade, convertem-se em mercadorias os territórios de nossos povos originários, os minerais, a biodiversidade, os combustíveis fósseis e o gás natural, a energia do vento, da água e do sol e os demais bens naturais.

Tudo isso, nosso Deus Criador nos entregou para o sustento da vida, assim como para o seu desfrute e bem estar coletivo, e não para o enriquecimento desmedido, que desconhece os direitos coletivos que compartilhamos entre todos os seres humanos que habitam este planeta, neste momento histórico, assim como a responsabilidade solidária de entregar a nossas futuras gerações um mundo melhor, como aquele que recebemos.

A valiosa diversidade cultural dos povos da América, com cosmovisões respeitosas e harmônicas da Mãe Natureza, encontra-se gravemente ameaçada pela imposição deste modelo que se apropria dos territórios a qualquer custo e se converte em um processo ativo de desapropriação, que atropela quem resiste a ele, com mecanismos que vão desde as ameaças, a perseguição, a cooptação, a criminalização, a judicialização e até o assassinato de líderes comunitários, defensores e pastores que acompanham estas lutas.

Os meios de comunicação comerciais contribuem para a promoção da falsidade deste modelo, seduzindo a população com promessas que não são cumpridas, já que, como expressão extrema do modelo neoliberal, seu objetivo é a acumulação de capitais e não a distribuição equitativa de bens.

Partilhamos com alegria a missão profética de diversos setores e líderes das Igrejas Cristãs, que acompanham as comunidades e pessoas que defendem a Criação, a Vida e o Direito frente ao modelo extrativista, como uma forma concreta de fidelidade à missão eclesial nestes momentos da história.

Confiamos e esperamos que cada vez mais nossas igrejas, desde as bases até as hierarquias, assumam posições consequentes frente à problemática gerada por este modelo extrativista e depredador de recursos, tal como se reconhece no documento de Aparecida “…há uma exploração irracional que vai deixando um rastro de dilapidação, e até mesmo de morte, por toda a nossa região”(DA 43).

Diante dessa realidade, definimo-nos como uma articulação de pessoas e organizações religiosas, com espírito ecumênico e inter-religioso, fiéis à nossa opção pelos empobrecidos e empobrecidas, lutando em favor da Vida e dos Bens da Criação.

Em relação com as comunidades, reafirmamos nosso compromisso de trabalho com as bases, expressado através da troca de saberes e conhecimentos, de estratégias de proteção, defesa e solidariedade, do acompanhamento na preparação e apresentação de ações de denúncia local, nacional e internacional, entre outras.

Queremos aprofundar uma mística que anime nossas práticas, nos permita construir propostas de ação e nos ajude a avançar em nossas reflexões e interpretações teológicas.

Comprometemo-nos a continuar promovendo uma articulação internacional para o diálogo, a incidência e a denúncia, em coordenação com outros atores religiosos, como Franciscans International, Vivat International, Mercy International, a rede Cidse, a Rede Eclesial Panamazônica, o Pontifício Conselho de Justiça e Paz, assim como outros atores sociais como o Observatorio de Conflictos Mineros de América Latina e diversas expressões sociais com que compartilhamos propósitos e visões em todo o continente.

Que a mística e o espírito de fraternidade que caracterizaram este encontro nos animem a assumir com maiores energias a missão profética e a responsabilidade coletiva no cuidado da vida e dos bens comuns.

Brasília, 5 de dezembro de 2014.

Para nos contatar e conhecer nossas propostas concretas: iglesiaymineria@gmail.com

Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade – AFES – Agenda Latinoamericana Mundial Amerindia Colombia y Continental Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo – ASETT – Associação Madre Cabrini, Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus – Brasil Caritas de El Salvador, El Salvador Caritas Jaén, Perú Centro de Ecología y Pueblos Andinos -CEPA- Oruro Bolivia Centro de Justicia y Equidad -CEJUE- Puno, Perú Centro Franciscano de Defesa dos Direitos, Brasil Claretianos San José del Sur, Uruguay, Paraguay y Chile Coalición Ecuménica por el Cuidado de la Creación, Chile. Consejo Latinoamericano de Iglesias – CLAI- Consejo Mundial de Iglesias, Justicia Climática -CMI- Conselho Indigenista Missionário -Brasil- Coordinación Continental de Comunidades Eclesiales de Base Comissão Verbita, JUPIC- Amazonía. Comitê em Defesa dos Territórios frente à Mineração, Brasil. Comunidades Construyendo Paz en los Territorios – Fe y Política -Conpaz- Colombia. Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil -CNBB- Comisión Intereclesial Justicia y Paz -Colombia- Comissão Pastoral da Terra -CPT- Brasil. Comunidades de Vida Cristiana -CVX- Comunidades Eclesiales de Base, Colectivo Sumaj Kausay, Cajamarca, Argentina. Coordinación Continental de Comunidades Eclesiales de Base. Coordinadora Nacional de Derechos Humanos, Perú. CPT Diocese de Óbidos, Pará, Brasil. Departamento de Justicia y Solidaridad de la Conferencia Episcopal Latinoamericana – DEJUSOL, CELAM. Derechos Humanos Sin Fronteras, Perú. Derechos Humanos y Medio Ambiente de Puno -DEHUMA-, Perú Diálogo Intereclesial por la Paz en Colombia, DIPAZ, Colombia Diocesis de Copiapó- Alto del Carmen – Chile Diocese de Itabira- Fabriciano Minas Gerais, Brasil Dirección Diocesana Cáritas de Choluteca, Honduras Equipe de Articulação e Assessoria as Comunidades Negras do Vale do Ribeira, EAACONE, Brasil. Equipo Investigación Ecoteología, Universidad Javeriana, Bogotá. Equipo Nacional de Pastoral Aborigen, ENDEPA, Argentina. Franciscans International. Hermanas de la Misericordia de las Américas, Argentina. Iglesia Evangélica Presbiteriana de Chigüinto, Chile. Irmãos da Misericórdia das Américas Juventude Franciscana do Brasil – JUFRA- Justiça, Paz e Integridade da Criação Verbitas – JUPIC SVD – Província BRN Mercy International Mesa Ecoteológica Interreligiosa de Bogotá D.C. – MESETI – Misioneros Claretianos Centro América y San José del Sur, Argentina Misioneros Combonianos, Brasil e Ecuador Movimento dos Atingidos por Barragens no Vale do Ribeira -MOAB- Brasil. Observatorio de Conflictos Mineros de América Latina -OCMAL- Oficina de JPIC OFM, Roma. Oficina de JPIC Sociedad Misionera San Columbano, Chile Orden Franciscana Seglar, Uruguay Organización de Familias de Pasta de Conchos, México Pastoral de Cuidado de la Infancia, Bolivia Pastoral Indígena, Ecuador Pastoral Indigenista de Roraima -Brasil- Pastoral Social Cáritas Oruro, Bolivia Pastoral Social Diócesis de Duitama Sogamoso, Boyacá, Colombia Pastoral Social Diócesis de Pasto, Nariño, Colombia Radio el Progreso Yoro-ERIC- Honduras Red de Educación Popular de América Latina y el Caribe de las Religiosas del Sagrado Corazón Rede de Solidariedade Missionárias Servas do Espírito Santo, Brasil Red Muqui, Perú Red Regional Agua Desarrollo y Democracia, Piura, Perú Secretariado Diocesano de Pastoral Social, Garzón Huila, Colombia. Servicio Interfranciscano de Justicia, Paz y Ecología -SINFRAJUPE-, Brasil. Servicio Internacional Cristiano de Solidaridad con América Latina, Oscar Romero, -SICSAL- Servicios Koinonia Vicaría de la Solidaridad, Oficina de Derechos Humanos, Jaén, Perú. Vicariato Apostólico San Francisco Javier, Jaén, Perú.

Vivat International.