Moradores dos povoados Carionguinho, Centro do Assírio, Vaca Morta, Outeiro dos Pires, Sítio do Meio II, Mata dos Pires e São João da Mata, em Santa Rita/MA, fecharam as estradas de acesso aos canteiros de obra da Vale. Eles protestam contra a destruição das estradas das comunidades em razão das obras de duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) tocadas pela empresa, a falta de Iluminação do viaduto e que cumpra os acordos feitos com as comunidades atravessadas pela ferrovia.
Segundos os moradores é muito buraco e muitas trepidações provocadas pelo fluxo de caminhões com carga pesada que trafegam nas comunidades. “A empresa disse que quando terminasse o viaduto iria refazer a estrada e até agora nada foi feito, por isso bloqueamos o acesso”, relata um dos manifestantes.
A Vale vem promovendo a duplicação da EFC em território maranhense com intuito de aumentar a exportação de minério de ferro a partir da exploração da mina S11D, no Pará, e que também vem gerando grandes impactos e contam com forte resistência de comunidades paraenses.
Há quase dois anos, no dia 8 de maio de 2014, durante a realização da etapa final do Seminário Carajás 30 Anos, em São Luís, comunidades atingidas por essa atuação fizeram protesto em frente à sede da empresa no Maranhão, entregando uma Carta de Exigências à Vale contra a violação de direitos no processo de duplicação da ferrovia. O que denunciam os moradores de Santa Rita neste momento aponta que a situação de violações continua.
O projeto de aumento de sua produção vem sendo tocado sem discutir com a sociedade e sem transparência quanto às consequências e impactos dessa exploração desenfreada, e são as comunidades diretamente atingidas quem tem atuado na linha de frente da resistência à forma autoritária com que a Vale vem desenvolvendo seus projetos, violando e atropelando direitos, geralmente com a conivência do poder público.
Debater de forma transparente o que pretende a Vale parece ser tudo o que a corporação não quer e não pretende fazer, agindo sem prestar contas à sociedade. Camponeses, Quilombolas, indígenas estão entre os principais atingidos, tanto pela presença invasiva da Vale em seus territórios quanto pela sua ingerência nos órgãos públicos, barrando a continuidade dos processos de titulação de seus territórios, por exemplo, para que continue a agir ao arrepio da lei, saqueando comunidades inteiras com sua presença, como atestam ações na Justiça Federal.
Nesse contexto, a defesa que as comunidades de Santa Rita fazem de suas estradas de acesso, é mais que a defesa de um interesse apenas seu: atuam para revelar o que a empresa quer esconder, contribuindo para que esse debate necessário seja imediatamente aberto para toda a sociedade.
Por Cláudio Castro