Caso de criminalização das lideranças quilombolas de Santa Rosa dos Pretos foi apresentado a Relatora da ONU Mary Lawlor
28 de setembro, 2021

“Clamam a terra, o céu e o mar – e o mundo silenciou. Essa é uma travessia para viver num mundo novo. Pra viver num mundo novo, não temos que nos calar.” Com o cantar, dona Anacleta, quilombola de Santa Rosa dos Pretos – Itapecuru-Mirim (MA), expressou a sua relação ancestral e de re-existência com o território nesta última terça-feira (28/09), em reunião com a relatora especial da Organização das Nações Unidas (@onubrasil) para a situação dos defensores de direitos humanos, Mary Lawlor.

Relatar os principais desafios, ameaças enfrentadas e a insegurança gerada pela morosidade na conclusão dos processos de regularização das terras quilombolas, foi a missão que a comunidade quilombola Santa Rosa dos Pretos, acompanhada da Associação Justiça nos Trilhos e CAFOD.

Durante a audiência a relatora explicou o seu trabalho e as formas de intervir em favor de um caso perante um Estado. As lideranças comunitárias relataram o longo processo de perseguição e criminalização de suas lutas políticas, como também, solicitaram apoio a ONU, para cobrar do governo brasileiro celeridade no processo de titulação do território, que se arrasta há anos, e que atualmente está em risco, visto que o órgão federal responsável (INCRA) encontra-se completamente fragilizado e desestruturado.

Para as advogadas da Justiça nos Trilhos, Ana Paula Santos e Fernanda Souto, a reunião foi exitosa e ficou devidamente demonstrado que a proteção das vidas das lideranças quilombolas de Santa Rosa dos Pretos está intrinsecamente relacionada com a proteção do seu território e garantia formal dos direitos territoriais de toda aquela coletividade. A causa de fundo dos conflitos é a luta pela terra e a defesa de direitos incondicional, e esse é o papel das lideranças ameaçadas, que só terão o risco de suas atuações diminuído quando o Estado Brasileiro efetivamente proceder à titulação do território quilombola.

No encerramento da reunião, a relatora Mary Lawlor, comprometeu-se em interceder em favor da comunidade e afirmou que as reivindicações e preocupações relatadas serão levadas ao conhecimento do atual relator especial do Meio Ambiente (ONU) para atuarem conjuntamente no caso.